12 março, 2008

Teste mostra que fumaça de incenso é prejudicial à saúde

Usado desde a Antigüidade com sentido de purificação e proteção, o incenso acaba de receber sinal vermelho da Pro Teste, a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor. Cinco marcas avaliadas mostram que daquela fumacinha, aparentemente inocente, exalam substâncias altamente tóxicas.

Queimando um incenso todos os dias, por exemplo, a pessoa inala a mesma quantidade de benzeno --substância cancerígena-- contida em três cigarros, ou seja, em torno de 180 microgramas por metro cúbico. Há também alta concentração de formol, cerca de 20 microgramas por metro cúbico, que pode irritar as mucosas.

As substâncias nem de longe lembram as especiarias aromáticas com as quais o incenso era fabricado no passado, como gálbano, estoraque, onicha e olíbano. Se há uma leve semelhança, ela reside na forma obscura da fabricação. No passado, o incenso era preparado secretamente por sacerdotes.

Hoje, o consumidor também não é informado como esses produtos são feitos e quais substâncias está inalando. O motivo é simples: por falta de regulamentação própria, os fabricantes de incenso não são obrigados a fazer isso.

Nas cinco marcas avaliadas (Agni Zen, Big Bran, Golden, Hem e Mahalakshimi), todas indianas, não há sequer o nome do distribuidor brasileiro na embalagem. Muito menos a descrição de quais substâncias compõem o produto. A Folha tentou localizar as empresas, por meio dos nomes dos incensos, mas, assim como a Pro Teste, não teve sucesso.

A avaliação foi feita a partir da simulação do uso em ambiente parecido com uma sala. Segundo a Pro Teste, foi medida a emissão de poluentes VOCs (compostos orgânicos voláteis) e de substâncias passíveis de causar alergias, como benzeno e formol. As concentrações foram medidas após meia hora do acendimento.

Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Pro Teste e colunista da Folha, alerta que os aromatizadores de ambiente, como o incenso, são vendidos sem regulamentação ou fiscalização, o que representa perigo à saúde.

"Os consumidores pensam que se trata de produtos inofensivos, que trazem harmonia e, na verdade, estão inalando substâncias altamente tóxicas e até cancerígenas."

A Pro Teste reivindica que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) faça um estudo sobre o impacto dos produtos na saúde e elabore regulamentação para a produção, importação e venda no Brasil.

Consumidora

"Estou surpresa. Acendo incensos diariamente há 20 anos no momento em que faço minhas preces no altar budista que tenho na sala. É uma forma de agradecimento às divindades e de limpeza energética. Jamais pensei que eles pudessem fazer mais mal do que bem", diz Renata Sobreira Uliana, 49.

O resultado dos testes também surpreendeu os médicos. "Nunca li nenhum artigo científico a respeito disso, mas é um dado muito interessante, que vai fazer a gente repensar a forma de liberar esse tipo de produto", diz José Eduardo Delfini Cançado, presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia.

Clystenes Soares Silva, pneumologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), explica que nem pessoas predispostas a desenvolver quadros alérgicos (como rinite e asma) nem pessoas saudáveis devem se expor aos incensos.

Fonte: CLÁUDIA COLLUCCI, FolhaOnline

01 março, 2008

Exposição à luz durante a noite aumenta risco de câncer de mama, diz estudo

A exposição à luz durante a noite é o segundo fator que mais contribui para o desenvolvimento do câncer de mama, depois de heranças genéticas, revela um estudo da Universidade de Haifa (Israel) divulgado na quinta-feira pelo jornal "The Jerusalem Post".

Mulheres que moram em ruas e bairros com iluminação pública potente têm 37% mais chances de desenvolver esse tipo de câncer do que as que residem em regiões mais escuras.

Nas áreas com grande quantidade de luz externa durante a madrugada, o risco de desenvolver tumores na mama é ainda 27% superior.

Os autores da pesquisa, que acaba de ser publicada na revista "Chronobiology International", recomendam fechar as persianas ao se deitar, usar máscaras de dormir se não puder escurecer o quarto e diminuir a potência da luz nos ambientes de trabalho após o amanhecer.

Para chegar a essas conclusões, o especialista em biologia ambiental e evolutiva, Avraham Haim, o doutorando em recursos naturais e gestão do meio ambiente, Itai Kloog, e o professor Boris Portnov, compararam imagens de satélites da Nasa com dados do Registro Nacional de Câncer de Israel sobre o câncer de mama por área geográfica.

Depois, pediram a cem mulheres com essa doença e a outras sem câncer que preenchessem um longo questionário sobre aspectos sócioeconômicos, ambientais e genéticos que condicionam o desenvolvimento do câncer, assim como sobre seu grau de exposição à luz durante a noite.

"A invenção da lâmpada elétrica por Thomas Edison foi muito importante e mudou o mundo, mas o que isso faz à saúde?", pergunta Haim, que afirma que outros estudos em roedores, humanos cegos e trabalhadores noturnos corroboram suas conclusões.

Fonte : EFE