16 fevereiro, 2006

Dieta pode afetar saúde mental, segundo pesquisa


Mudanças de dieta nos últimos 50 anos podem estar relacionadas ao aumento de doenças mentais, de acordo com um estudo divulgado na Grã-Bretanha nesta segunda-feira.

Segundo o grupo ativista Sustain e a Fundação de Saúde Mental, que realizaram a pesquisa, a forma com que os alimentos passaram a ser produzidos, alterou o equilíbrio dos nutrientes mais importantes necessários na dieta alimentar.

Os britânicos também estão comendo menos alimentos frescos e mais açúcar e gorduras saturadas.

Os dois grupos responsáveis pela pesquisa afirmam que a mudança na dieta tem ligação com depressão e com problemas de memória, mas nutricionistas acreditam que o estudo não é conclusivo.

Depressão

Andrew McCulloch, diretor-executivo da Fundação de Saúde Mental afirma que as pessoas estão conscientes dos efeitos da dieta na nossa saúde física, mas mal começaram a entender como o cérebro como um órgão é influenciado pelos nutrientes.

Ele afirma que o tratamento de doenças mentais a partir de mudanças na alimentação está mostrando melhores resultados em alguns casos do que drogas ou terapia.

Intitulado "Mudança de Dieta, Mudança nas Mentes" ("Changind Diets, Changing Minds"), o estudo parte do princípio de que o delicado equilíbrio de minerais, vitaminas e gorduras essenciais foi alterado nas últimas cinco décadas.

Pesquisadores afirmam que a proliferação de fazendas de produção em larga escala e a introdução de pesticidas mudou também a composição da gordura dos animais.

Como exemplo, o relatório afirma que as galinhas hoje alcançam o peso de abate na metade do tempo em que engordavam há 30 anos e a gordura aumentou de 2% para 22%.

A alteração da dieta também teria sido responsável pelo desequilíbrio de ômega 3 e ômega 6 - ácidos graxos essenciais - nas galinhas. Os ácidos graxos são considerados fundamentais para que o cérebro funcione bem.

Ceticismo

Em contraste, gorduras saturadas, cujo consumo vem sendo ampliado pela ingestão de comida pronta congelada, fazem os processos cerebrais mais lentos.

O estudo conclui que os britânicos estão comendo 34% menos legumes e dois terços da quantidade de peixe que eles consumiam há 50 anos.

Estas mudanças podem estar ligadas à depressão, esquizofrenia, transtorno do déficit de atenção e Hiperatividade e mal de Alzheimer.

Mas Rebecca Foster, nutricionista e cientista da Fundação Britânica de Nutrição, recebeu os resultados do estudo com ceticimso.

"As provas que associam saúde mental e nutrição estão ainda começando a aparecer. A associação é difícil de pesquisar e subjetiva em muitos casos".

Ela evita tirar conclusões em cima do estudo e afirma que ainda não é possível associar doenças mentais e alimentação.

Mesmo assim, ressalta que os nutrientes recomendados no estudo são os mesmos necessários para uma boa saúde e devem recomendados por todos os profissionais da área de saúde.

Fonte: BBC Brasil