22 julho, 2006

Estudo mostra que crianças precisam de mais exercícios


Pablo Uchoa

Crianças precisam de pelo menos uma hora e meia de exercícios por dia para levar uma vida saudável.

A conclusão, de um time de especialistas internacionais, foi publicada na edição desta sexta-feira da revista médica britânica The Lancet.
O estudo coloca em xeque normas internacionais que consideram uma hora por dia de exercícios suficiente para prevenir males cardíacos e obesidade infantil.
Riscos
O estudo analisou 1.730 crianças em escolas na Dinamarca, Estônia e Portugal.
Através de medidores de atividade, elas foram monitoradas pelos cientistas durante quatro dias, incluindo um fim de semana.
Os melhores indíces de saúde - pressão sangüinea, metabolismo - foram registrados em crianças de nove anos que fizeram em média 116 minutos de atividade moderada a intensa, e adolescentes de 15 anos que praticaram exercícios por 88 minutos diários.
Isto corresponde a caminhar a uma velocidade média de 4 km/h – o passo normal de um ser humano – por cerca de 90 minutos.
Sedentarismo
O fato de crianças não conseguirem alcançar sequer esta meta chama atenção para o crescente sedentarismo infantil.
O professor Lars Bo Anderson, da Escola Norueguesa de Ciências do Esporte, em Oslo, sublinhou que os 90 minutos diários de exercício não precisam ser realizados de uma só vez – crianças podem espaçar sua atividade física ao longo do dia.
O problema é que, como aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS), crianças estão cada vez menos aproveitando os espaços onde poderiam brincar e realizar atividades físicas.
“A crescente motorização, os riscos de acidente de trânsito, e o desaparecimento, ou a percepção do desaparecimento de espaços públicos seguros, onde crianças possam caminhar, brincar ou pedalar, parecem ser fatores importantes restringindo a mobilidade infantil hoje em dia”, diagnosticou a OMS.
“A construção de playgrounds não é a solução. Ao promover atividades rotineiras na vida das crianças, como caminhar e pedalar pelo bairro, ou entre a casa e a escola por vias livres e seguras, formuladores de políticas públicas aumentam as oportunidades para elas se moverem de maneira independente e elevarem seu nível de atividade física.”
Exercícios
Este foi o primeiro estudo a acompanhar crianças diretamente através de aparelhos – em estudos semelhantes, os cientistas tomavam como base estimativas de exercício físico feitas pelas próprias crianças ou por seus pais.
Para o time de especialistas, a pesquisa comprova a importância da atividade física independentemente de outros fatores, como hábitos alimentares, estilo de vida e publicidade de alimentos.
Segundo eles, a associação entre grau de atividade física e riscos cardiovasculares ocorreu “independente do grau de adiposidade [das crianças pesquisadas], e foi similar para crianças magras ou acima do peso”.
“A prevalência de obesidade em jovens demanda ações preventivas focadas em mudanças comportamentais, modificação de hábitos alimentares e o incentivo à atividade física”, resumiu o relatório.
“As sementes da morbidez na idade adulta, como doenças vasculares e metabolismo alterado, são plantadas na infância.”

Fonte: BBC Brasil