Bactéria pode ajudar tratamento da doença de Crohn
Uma bactéria da flora intestinal desempenharia um papel importante na doença de Crohn, e poderia servir ao desenvolvimento de novos tratamentos dessa enfermidade crônica inflamatória do intestino, que atinge centenas de milhares de pessoas no mundo, segundo trabalhos de cientistas francesas.
Os resultados conseguidos pela equipe de Philippe Langella do Instituto National de Pesquisa Agronômica (INRA) e colegas do Instituto Nacional de Saúde e de Pesquisa Médica (Inserm) em colaboração com o gastrenterologista Philippe Marteau (hospital Lariboisière, Paris) aparecem nesta terça-feira nos anais da Academia de Ciências americana.
A Doença de Crohn caracteriza-se por inflamação crônica de uma ou mais partes do tubo digestivo, desde a boca, passando pelo esôfago, estômago, intestino delgado e grosso, até o reto e ânus. Na maioria dos casos de Doença de Crohn, no entanto, há inflamação do intestino delgado; o intestino grosso pode estar envolvido, junto ou separadamente. A doença leva o nome do médico que a descreveu em 1932.
Não se conhece uma causa para a Doença de Crohn. Várias pesquisas tentaram relacionar fatores ambientais, alimentares ou infecções como responsáveis pela doença.
Os pesquisadores mostraram que as bactérias intestinais dos pacientes vítimas da Doença de Crohn apresentavam um déficit acentuado do grupo bacteriano Clostridium leptum. Também chegaram à conclusão de que a presença em muito pouca quantidade de um membro maior deste grupo, a bactéria "Faecalibacterium prausnitzii" (F. prausnitzii) era responsável por grande parte deste déficit.
A presença desta última em muito pouca quantidade, e até mesmo sua ausência, entre os pacientes parece ter uma explicação para o desregular de seu sistema de defesa imunológico, em nível intestinal. Oclusão, abcesso, perfuração fazem parte das complicações da doença que apresenta dores, diarréia, entre outros quadros.
Entre os pacientes que sofreram cirurgias no intestino, o risco de recidiva é tão importante quanto é baixo o nível da bactéria F.prausnitzii no intestino.
Os autores mostraram in vitro, com a cultura de células, que a bactéria possui importantes propriedades antiinflamatórias pelas moléculas que secreta. Além disso, entre cobaias, a administração da bactéria em questão ou moléculas que ela secreta reduz a inflamação intestinal e melhora nitidamente a sobrevida.
O prosseguimento destes trabalhos poderá chegar à fabricação de um novo probiótico (microorganismos benéficos para o equilíbrio da flora intestinal e a saúde) ou a novos tratamentos das doenças inflamatórias crônicas do intestino (MICI), segundo eles.
Fonte: PARIS (AFP)
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