26 março, 2006

Falta de vitamina A precipita morte de 20 mil crianças no Brasil, diz estudo

Favela
Principal proposta é adição de suplementos de vitaminas à comida

A falta de vitamina A precipita anualmente a morte de 20 mil crianças no Brasil, de acordo com pesquisa realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Iniciativa por Micronutrientes (MI, na sigla em inglês).

O estudo, divulgado durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, avalia o impacto que a deficiência de vitaminas e sais minerais na alimentação causa no Produto Interno Bruto (PIB) dos países mais afetados. A pesquisa sugere que o problema pode provocar perdas de mais de 2% do PIB.

De acordo com a pesquisa, as nações com perdas superiores a 2% são o Afeganistão, Angola, Burkina Faso, Mali e o Niger.

O Brasil aparece na listagem com deficiências significativas de ferro em crianças com menos de 5 anos (45%) e em mulheres de 15 a 49 anos (21%) e 880 mortes por ano em decorrência de anemia severa. A pesquisa não inclui, no entanto, uma avaliação do impacto do problema no PIB brasileiro.

O estudo diz ainda que deficiências no suprimento de iodo no Brasil provocam o nascimento de 280 mil pessoas por ano com deficiência mental.

Problemas

No Brasil
45% das crianças com menos de cinco anos e 21% das mulheres entre 15 e 49 anos têm deficiência de ferro
880 pessoas morrem por ano em decorrência de anemia.
280 mil crianças nascem com deficiência mental por ano por falta de iodo
20 mil crianças por ano têm morte prematura por falta de vitamina A
Fonte: Unicef e MI

No mundo todo, a falta de iodo estaria provocando o nascimento de 20 milhões de crianças por ano com deficiência mental.

Segundo a pesquisa, 40% das crianças no mundo subdesenvolvido e em desenvolvimento têm os sistemas imunológicos debilitados pela falta de vitamina A, que causa um milhão de mortes anuais.

O estudo calcula que outras 50 mil mulheres por ano morrem devido à deficiência de ferro durante o parto.

"A falta de vitaminas e minerais afeta um terço da população mundial, debilitando mentes, corpos e a perspectiva de crescimento de nações”, diz o estudo.

Soluções

No mundo
40% das crianças têm o sistema imunológico debilitado por falta de vitamina A
50 mil mulheres morrem por ano por deficiência de ferro
20 milhões de crianças nascem por ano com deficiência mental por falta de iodo
Carência e de vitaminas e minerais atinge um terço da população global
Fonte: Unicef e MI

Os autores do estudo lembram que a Assembléia Geral da ONU já havia estabelecido em maio de 2002 algumas metas nesta área:

  • eliminação da deficiência de iodo até 2005;
  • eliminação da deficiência de vitamina A até 2010;
  • e redução de 30% dos casos de anemia por deficiência de ferro até 2010.

O estudo propõe uma ampla campanha de adição de vitaminas e sais minerais na alimentação dos países pobres, além do fornecimento de tabletes com estes elementos a grupos mais vulneráveis, como mulheres e crianças.

O plano também inclui campanhas educativas e de prevenção de doenças – como a malária e a diarréia – que impedem a absorção das vitaminas.

Segundo cálculos da Gain – uma fundação associada à MI que estuda projetos no setor – o fortalecimento da farinha de trigo nos 75 países mais necessitados com ferro e ácido fólico custaria US$ 85 milhões, ou quatro centavos de dólar por pessoa.

A entidade diz que a medida poderia reduzir a deficiência de ferro em 10% e diminuir em um terço as deficiências congênitas, além de aumentar a produtividade destes países em US$ 240 milhões e a renda em US$ 200 milhões.

"Quando tanto pode ser feito para tantos e por tão pouco, seria uma desgraça global se a deficiência de vitaminas e minerais não for controlada nos próximos anos", conclui o relatório.

Fonte: BBC Brasil