Quando o diet engorda
Agora, até o refrigerante sem açúcar está na berlinda.
O consumo de uma latinha da bebida por dia aumenta em 34% os riscos de ocorrência da síndrome metabólica – conjunto de fatores que predispõem às doenças cardiovasculares e ao diabetes. A conclusão é de um estudo feito por médicos da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, e publicado recentemente na revista Circulation, da Associação Americana do Coração. O refrigerante diet (light ou zero, como preferir) seria, inclusive, mais pernicioso à saúde do que a gordura saturada. Para se ter uma idéia, com a ingestão diária de dois hambúrgueres ou de uma porção de batata frita, a probabilidade de manifestação da síndrome metabólica é de 26% e 25%, respectivamente. Os pesquisadores de Minnesota acompanharam os hábitos alimentares de 9 514 homens e mulheres entre 45 e 64 anos durante quase uma década. Ao final, quase metade dos participantes eram portadores da síndrome metabólica. A maioria apresentava acúmulo de tecido adiposo na região abdominal, um dos cinco fatores de risco da doença, ao lado de pressão alta, colesterol e triglicérides alterados e glicemia elevada.
Há pelo menos três hipóteses para explicar a influência negativa do refrigerante sem açúcar. A primeira delas diz respeito a substâncias presentes em sua composição. "Suspeita-se de que essas bebidas, como o cigarro, estimulem a inflamação das paredes das artérias, o que pode deflagrar infartos e derrames", diz o médico Marcus Bolívar Malachias, diretor do departamento de hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia. A outra suposição é de ordem comportamental. Como a bebida é sem açúcar, muita gente acaba abusando de outros alimentos mais calóricos. A terceira hipótese sobre a relação entre refrigerante diet e síndrome metabólica foi fornecida por pesquisadores da Universidade de Purdue, também nos Estados Unidos, em artigo na revista científica Behavioral Neuroscience. Em experiências com ratos de laboratório, eles mostraram que a sacarina (adoçante artificial bastante comum na formulação dos refrigerantes diet) pode engordar mais do que o açúcar.
Durante cinco semanas, nove roedores receberam iogurte adoçado com sacarina e outros oito, iogurte e açúcar. Surpreendentemente, ao término dos estudos, os ratos do primeiro grupo estavam 20% mais gordos que os do segundo. A explicação é que, como os alimentos à base de adoçantes artificiais satisfazem menos que os adoçados com açúcar, os ratos do adoçante comeram maiores quantidades. Além disso, com a falta de ingestão de açúcar de verdade, o ritmo metabólico dos roedores baixou, favorecendo o acúmulo de tecido adiposo.
Fonte: VEJA - 20 fevereiro 2008 - Anna Paula Buchalla