16 fevereiro, 2008

Quando o diet engorda

Agora, até o refrigerante sem açúcar está na berlinda.

O consumo de uma latinha da bebida por dia aumenta em 34% os riscos de ocorrência da síndrome metabólica – conjunto de fatores que predispõem às doenças cardiovasculares e ao diabetes. A conclusão é de um estudo feito por médicos da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, e publicado recentemente na revista Circulation, da Associação Americana do Coração. O refrigerante diet (light ou zero, como preferir) seria, inclusive, mais pernicioso à saúde do que a gordura saturada. Para se ter uma idéia, com a ingestão diária de dois hambúrgueres ou de uma porção de batata frita, a probabilidade de manifestação da síndrome metabólica é de 26% e 25%, respectivamente. Os pesquisadores de Minnesota acompanharam os hábitos alimentares de 9 514 homens e mulheres entre 45 e 64 anos durante quase uma década. Ao final, quase metade dos participantes eram portadores da síndrome metabólica. A maioria apresentava acúmulo de tecido adiposo na região abdominal, um dos cinco fatores de risco da doença, ao lado de pressão alta, colesterol e triglicérides alterados e glicemia elevada.

Há pelo menos três hipóteses para explicar a influência negativa do refrigerante sem açúcar. A primeira delas diz respeito a substâncias presentes em sua composição. "Suspeita-se de que essas bebidas, como o cigarro, estimulem a inflamação das paredes das artérias, o que pode deflagrar infartos e derrames", diz o médico Marcus Bolívar Malachias, diretor do departamento de hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia. A outra suposição é de ordem comportamental. Como a bebida é sem açúcar, muita gente acaba abusando de outros alimentos mais calóricos. A terceira hipótese sobre a relação entre refrigerante diet e síndrome metabólica foi fornecida por pesquisadores da Universidade de Purdue, também nos Estados Unidos, em artigo na revista científica Behavioral Neuroscience. Em experiências com ratos de laboratório, eles mostraram que a sacarina (adoçante artificial bastante comum na formulação dos refrigerantes diet) pode engordar mais do que o açúcar.

Durante cinco semanas, nove roedores receberam iogurte adoçado com sacarina e outros oito, iogurte e açúcar. Surpreendentemente, ao término dos estudos, os ratos do primeiro grupo estavam 20% mais gordos que os do segundo. A explicação é que, como os alimentos à base de adoçantes artificiais satisfazem menos que os adoçados com açúcar, os ratos do adoçante comeram maiores quantidades. Além disso, com a falta de ingestão de açúcar de verdade, o ritmo metabólico dos roedores baixou, favorecendo o acúmulo de tecido adiposo.

Fonte: VEJA - 20 fevereiro 2008 - Anna Paula Buchalla

15 fevereiro, 2008

Aspirina pode frear crescimento de tumor, diz estudo

Uma pesquisa realizada por estudiosos britânicos indica que a aspirina pode reduzir a formação de vasos sangüíneos que ajudam tumores cancerígenos a crescer.

De acordo com os cientistas, o efeito da aspirina restringe o tumor ao tamanho de uma ervilha, fato que pode levar ao desenvolvimento de novos tratamentos.

Estudos anteriores já haviam revelado que, se for utilizado por longos períodos, o analgésico poderia reduzir o risco de vários tipos de câncer, como os de ovário, cólon e pulmão.

O estudo do Instituto de Genética Humana da Universidade de Newcastle foi publicado na revista científica Journal of the Federation of American Societies for Experimental Biology.

Várias funções

Para investigar mecanismos por trás do efeito da aspirina na prevenção do câncer, os cientistas observaram a ação da droga no crescimento de um tumor.

Eles aplicaram diferentes concentrações de aspirina nas células que formam vasos sanguíneos, chamadas de células endoteliais.

Eles descobriram que, em doses pequenas, a droga tem um extraordinário efeito sobre a capacidade das células de formar os vasos.

“Os vasos sanguíneos alimentam o tumor com sangue e oxigênio, ajudando-os a crescer”, disse Helen Arthur, principal autora do artigo.

“O câncer usa esses vasos para se espalhar pelo corpo, levando ao desenvolvimento de tumores secundários”, afirmou.

“A aspirina age sobre o tumor de várias formas, sendo que uma delas é restringindo o fornecimento de sangue. Sem o sangue, ele não tem como crescer mais do que o tamanho de uma ervilha”, afirmou.

Mais pesquisa

“Um dos problemas mais comuns decorrentes da ingestão de aspirina por períodos maiores é o risco de sangramento no estômago. Queremos analisar as moléculas da aspirina, ver o que ocasiona a formação de vasos, o que pode nos dar uma oportunidade de criar drogas mais seguras”, disse Arthur.

Kat Arney, do Centro Britânico para a Pesquisa do Câncer, lembrou que os testes só ocorreram em laboratórios e que ainda há um longo caminho a ser trilhado.

“Certamente não recomendaríamos pacientes a tomar aspirina sem supervisão médica, já que doses altas podem ser perigosas”, disse ela.

Além de ser usada como analgésico, a aspirina já é recomendada para prevenir a ocorrência de ataques cardíacos.

Fonte: BBC Brasil

Estudo liga deficiência de ácido fólico à demência

Pessoas com deficiência de ácido fólico – uma forma de vitamina B encontrada principalmente em vegetais de folhas verdes – têm três vezes e meia mais chances de apresentar demência, sugere um estudo publicado na revista especializada Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry.

O estudo liderado pela Escola de Medicina da Universidade Nacional Chonnam, em Gwangju, na Coréia do Sul, acompanhou 518 idosos por dois anos.

Segundo os pesquisadores, cerca de 3,5% dos idosos apresentavam deficiência de ácido fólico no início do estudo. Ao fim, eles tinham probabilidade 3,5 vezes maior de ter desenvolvido demência do que os outros.

O governo britânico atualmente considera a hipótese de adicionar a vitamina a pães e farinha. O ácido fólico já é recomendado para mulheres grávidas para ajudar a evitar deficiências na espinha de fetos, mas cada vez mais pesquisas sugerem que a vitamina também ajudaria a combater a demência.

Os pesquisadores, no entanto, não sabem se os baixos níveis de ácido fólico encontrados nos idosos seriam a causa ou apenas um sintoma da demência.

Já há outros estudos relacionando os níveis de ácido fólico ao Mal de Alzheimer, mas sua deficiência também poderia ser um sintoma da doença.

Mudança de vida

Os autores do estudo afirmam que “as mudanças nos micronutrientes podem estar ligadas a outros sinais típicos que precedem a demência, como a perda de peso e a pressão baixa”.

“Enquanto é pouco provável que o emagrecimento altere os micronutrientes no sangue, ele pode indicar mudanças na dieta e na qualidade dos alimentos ingeridos.”

No grupo analisado, a demência era mais comum entre as pessoas mais velhas, com nível de educação relativamente baixo e inativas, segundo os pesquisadores.

Clive Ballard, diretor de pesquisas do instituto britânico Alzheimer’s Society, disse que o estudo “é mais um exemplo de por que é tão crucial para as pessoas levarem um estilo de vida saudável, com uma dieta balanceada rica em vitaminas B e antioxidantes”.

Mas ele alerta: “Os benefícios potenciais para evitar ou tratar a demência só podem ser totalmente verificados com um rigoroso teste clínico, já que a possível confusão com fatores do estilo de vida e mudanças no estilo de vida nos estágios iniciais da demência podem levar a resultados enganosos.”

Fonte: BBC Brasil

04 fevereiro, 2008

Alimentos contra o câncer

Uma alimentação rica em alguns tipos de folhas, vegetais e frutas pode prevenir o câncer de colo uterino.

A conclusão é de um estudo feito pela nutricionista Luciana Yuki Tomita com 1.378 mulheres atendidas em dois hospitais públicos da capital paulista.


As voluntárias responderam a questionários sobre tipos de alimentos, tamanho das porções e freqüência de consumo no ano anterior ao do estudo. A pesquisa foi apresentada em tese de doutorado defendida no Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP).

O câncer de colo uterino é causado por uma lesão conhecida como neoplasia intra-epitelial cervical (NIC), que por sua vez é causada pela infecção pelo papilomavírus humano (HPV) do tipo cancerígeno. Por meio do exame de papanicolau é possível identificar a lesão e tratá-la antes que evolua para câncer.

Luciana comparou a alimentação de mulheres com NIC e sem nenhuma lesão. A neoplasia tem três estágios de evolução, da lesão mais precoce e mais fácil de ser curada, a NIC1, até a NIC3, última etapa pré-câncer antes de a lesão se transformar na doença.

O estudo verificou que mulheres que consumiram mais folhas verde-escuras (como agrião, espinafre e couve), vegetais como pimentão e brócolis, além de frutas de cor laranja ou amarela (entre as quais mamão, manga, laranja e acerola), tiveram menor risco de desenvolver o NIC3.

De 230 mulheres com NIC3 analisadas, 118 apresentaram baixo consumo (em média 16 gramas por dia) de folhas, vegetais e frutas. Enquanto isso o grupo controle, formado por 453 participantes sem nenhuma lesão, consumiu, em média, 28 gramas por dia. O restante das entrevistadas tinha NIC1 ou NIC2 e também apresentou consumo abaixo da média.

“O estudo, que teve como base dados probabilísticos coletados nas entrevistas, destaca que as mulheres que ingeriram esses alimentos tiveram um risco aproximadamente 50% menor de ter NIC3 no colo uterino, quando comparado com as que não o fizeram”, disse Luciana à Agência FAPESP.

Causas prováveis

Em busca das causas da menor probabilidade de contrair a doença, a pesquisadora fez uma série de análises estatísticas das porções diárias consumidas pelas entrevistadas com dados de literatura sobre os antioxidantes presentes nos alimentos.

“Nossa hipótese é que os carotenóides, antioxidantes que contribuem para a diminuição da proporção de radicais livres no organismo, seriam potenciais responsáveis por esse efeito benéfico dos alimentos. Os radicais livres induzem a má formação de células, entre as quais imunológicas, diminuindo a imunidade da mulher e causando lesões”, disse.

O estudo também contou com amostras de sangue de 70% das entrevistadas, com e sem lesão, e observou nas mulheres sadias níveis maiores de licopeno, outro antioxidante encontrado em produtos como o tomate, a melancia e a goiaba.

“A concentração de licopeno no sangue das mulheres que não tinham nenhuma lesão foi de 1,10 micromol por litro. Já as com NIC3 tinham 0,74 micromol por litro do antioxidante. Isso sugere que o maior consumo de alimentos que tenham licopeno também pode evitar o desenvolvimento do câncer de colo uterino”, disse.

Luciana alerta que o câncer de colo uterino é a segunda maior causa de morte entre as mulheres pela doença em todo o mundo, perdendo apenas para o câncer de mama, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Estima-se que sejam identificados cerca de 470 mil novos casos de câncer de colo uterino por ano no mundo, sendo registrados mais de 200 mil óbitos anuais pela doença”, apontou.

O projeto de pesquisa de Luciana, que teve bolsa da FAPESP, foi premiado no 3º Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação da Faculdade de Saúde Pública da USP, realizado em dezembro de 2007 com o objetivo de divulgar pesquisas de iniciação científica, mestrado e doutorado desenvolvidas por alunos da faculdade.

O trabalho, intitulado Consumo alimentar e concentrações séricas de micronutrientes: associação com lesões neoplásicas cervicais e orientado pela professora Marly Augusto Cardoso, do Departamento de Nutrição da FSP, ficou em primeiro lugar na categoria Doutorado.

Fonte: Thiago Romero - FAPESP