29 outubro, 2009

Elemento presente no curry pode matar células de câncer, diz estudo

Uma pesquisa realizada na Irlanda sugere que um componente encontrado no açafrão da Índia, presente no tempero curry, pode matar células cancerosas.

O componente químico curcumina já era visto como um extrato com aplicações medicinais e já estava sendo testado para tratamento de artrite e até demência.

Testes de laboratório realizados pelo Centro de Pesquisa do Câncer de Cork, na Irlanda, mostraram que a curcumina pode matar células de câncer de esôfago.

A cientista Sharon McKenna e sua equipe descobriram que a curcumina começou a matar as células cancerosas dentro de 24 horas.

"Cientistas já sabiam há tempos que compostos naturais têm potencial para tratar células defeituosas que se transformaram em células cancerosas e suspeitamos que a curcumina poderia ter valor terapêutico", disse a cientista.

As células também começaram a se digerir, depois que a curcumina desencadeou os sinais de morte celular.

Novos tratamentos

Especialistas em câncer afirmam que a descoberta - publicada na revista especializada British Journal of Cancer - pode ajudar médicos a elaborar novos tratamentos para a doença.

Lesley Walker, diretor da organização britânica Cancer Research UK acha que os resultados da pesquisa irlandesa podem ajudar o desenvolvimento de novos tratamentos de câncer do esôfago.

"Abre a possibilidade para que compostos químicos naturais encontrados no açafrão da Índia possam ser desenvolvidos para se transformar em novos medicamentos."

"A incidência de câncer do esôfago aumentou em mais de 50% desde os anos 70 e isto estaria ligado ao aumento da taxa de obesidade, consumo de álcool e doença do refluxo, então, descobrir formas de evitar o desenvolvimento desse tipo de câncer é importante", acrescentou.

Fonte: BBC Brasil



22 outubro, 2009

Jovens têm deficiência de vitamina D

Alimentos como salmão, sardinha e leite possuem vitamina D

Ao investigar a carência de vitamina D em moradores da cidade de São Paulo, uma pesquisa realizada na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em parceria com o Hospital Universitário, verificou que 77,4% dos analisados apresentavam o problema.

Participaram 603 voluntários (118 homens e 485 mulheres) no estudo cujo objetivo foi estabelecer quais fatores estão associados à hipovitaminose D no organismo. A média registrada da vitamina foi de 21,4 ng/ml, bem abaixo da recomendada, que é de 30 ng/ml. A análise foi feita no fim do inverno, após um período em que a exposição à luz solar é menor.

Meses depois, no fim do verão, retornaram para coleta de sangue 219 voluntários, dos quais 39 homens e 180 mulheres. Apesar da maior exposição à luz solar, e da consequente sintetização da vitamina no organismo, a pesquisa identificou a deficiência da vitamina D em 39,6% dos analisados.

Apesar da redução, segundo Rosa Maria Affonso Moysés, médica e pesquisadora do Hospital das Clínicas da FMUSP e coordenadora do estudo, o número ainda foi muito elevado, considerando a latitude em que São Paulo se encontra e a comparação com cidades do hemisfério Norte.

– Estamos em uma área subtropical e, por conta disso, imaginávamos que a exposição solar fosse suficiente para que não houvesse um número tão elevado de hipovitaminose –, disse.

A seleção dos voluntários incluiu pacientes de rotina do Hospital das Clínicas, funcionários da USP que realizam o exame médico anual e estudantes com idades entre 18 a 30 anos.

– Os critérios de inclusão foram extremamente rígidos. Os pacientes não podiam ter doença renal ou cardíaca. O máximo que poderiam ter era diabetes e hipertensão controladas, ou seja, tratavam-se de pessoas estáveis do ponto de vista clínico –, disse.

O estudo apontou condições associadas à maior prevalência de hipovitaminose D, como idade, presença de hipertensão arterial, maior índice de massa corporal e cor de pele negra.

– Também chamou a atenção que quanto mais idoso maior a prevalência. Mas, mesmo entre os jovens, até 30 anos, o índice foi muito elevado –, disse.

Outro estudo, feito na Faculdade de Saúde Pública da USP, verificou a insuficiência da vitamina D entre os jovens. O trabalho foi feito por Bárbara Santarosa Emo Peters e orientado pela professora Lígia Araújo Martini.

O estudo avaliou a quantidade de vitamina D em 136 adolescentes em Indaiatuba, interior de São Paulo, e constatou que 62% tinham insuficiência da vitamina.

Cerca de 90% da absorção da vitamina D se dá pela exposição à luz solar, com o restante sendo resultado da alimentação. Segundo o estudo, nenhum dos jovens que participou da pesquisa ingeria a quantidade recomendada de vitamina D. Alimentos como salmão, sardinha, leite e derivados (somente os integrais) possuem a vitamina.

Por meio das entrevistas com os participantes, Bárbara percebeu que muitos não tomavam café da manhã para poder dormir um pouco mais antes de ir à escola. Quem tomava café da manhã todo dia ingeria quase o dobro de vitamina D do que quem não tomava. Os adolescentes que praticavam esportes ao ar livre também apresentaram maiores níveis da vitamina.

O estudo de Bárbara foi premiado no 8º Congresso Iberoamericano de Osteologia e Metabolismo Mineral e ganhou o Young Investigator Award do The American Society for Bone and Mineral Research.

Rosa Moysés lembra que portadores de doença renal apresentam prevalência alta de deficiência da vitamina D. Na nefrologia existe até mesmo uma área específica que estuda o metabolismo mineral nos indivíduos com problemas renais.

– Por conta disso, resolvemos ampliar o estudo para pessoas consideradas saudáveis e observamos que a deficiência entre os portadores de doença renal já não é muito diferente da observada na população em geral –, disse.

Outro resultado importante é que os voluntários com hipovitaminose apresentavam maiores níveis de paratormônio, hormônio responsável pela regulação dos níveis de cálcio no organismo.

De acordo com a nefrologista, o alto índice desse hormônio é uma resposta à diminuição dos níveis de vitamina D. Todas as vezes que os níveis de cálcio caem há maior secreção de paratormônio.

– Os efeitos dessa elevação a longo prazo não são totalmente conhecidos, mas pode haver um risco maior de desenvolvimento de osteoporose e de doenças cardiovasculares. Esses achados estão previamente associados ao que chamamos de hiperparatireoidismo secundário –, apontou.

Diversos estudos recentes têm associado a deficiência da vitamina D a riscos de doenças, como hipertensão, gripe ou cardiovasculares.

Uma das pesquisas, apresentada em setembro na 63ª Conferência de Pesquisa em Pressão Alta da Associação Norte-Americana do Coração, apontou que mulheres em pré-menopausa com insuficiência da vitamina em 1993 apresentaram risco três vezes maior de desenvolver hipertensão arterial sistólica 15 anos depois, em comparação com aquelas que tinham níveis normais.

Por conta disso Rosa lembra que em alguns países, como Noruega, Finlândia, Dinamarca e Suécia, a reposição da vitamina D se tornou comum.

– Se fizermos um estudo comparativo, certamente não vamos encontrar uma hipovitaminose tão alta quanto a nossa nesses países, porque já é parte da cultura deles usarem alimentos ricos em vitamina D ou suplementos –, disse.

A pesquisadora conta que os dados da pesquisa estão sendo concluídos para publicação em revista. Diante dos resultados obtidos, o Departamento de Clínica Médica da FMUSP pretende fazer um estudo mais amplo, acompanhando os voluntários por um período maior e envolvendo outras áreas médicas para estudar os vários aspectos da deficiência da vitamina D.

– Os resultados serão encaminhados para órgãos públicos para avaliação e eventual desenvolvimento de políticas públicas de suplementação ou fortificação alimentar com vitamina D, principalmente nas populações de risco, como idosos, obesos, não brancos e hipertensos –, adiantou Rosa.

Fonte: Por Redação, com Agência Fapesp - de São Paulo - Jornal Correio do Brasil