31 agosto, 2006

Forame oval patente: risco de AVC em pacientes com enxaqueca


Perto de 50% dos pacientes que experimentam enxaqueca com aura têm forame oval patente, relata uma equipe de investigadores italianos em recente edição da Neurology. De acordo com os investigadores, o achado pode explicar por que os pacientes que têm enxaqueca com aura correm o risco de acidente vascular cerebral (AVC).

"A embolia cerebral paradoxal através de shunt da direita para a esquerda nas câmaras atriais tem sido sugerida como possível mecanismo de infarto cerebral em pacientes jovens não-ateroscleróticos com acidente vascular cerebral", afirmam o Dr. G. Paolo Anzola e colegas.

Na Universidade de Brescia, o grupo de Dr. Anzola usou ultra-sonografia Doppler para investigar a prevalência de forame oval patente em 113 pacientes ambulatoriais consecutivos que tinham enxaqueca com aura. Eles compararam correspondem estes participantes a 53 pacientes que tinham enxaqueca sem aura e a 25 controles.

A equipe de pesquisas verificou que a prevalência de forame oval patente entre os pacientes que tinham enxaqueca com aura era de 48%, significativamente mais alta que a prevalência entre os pacientes que tinham enxaqueca sem aura, 23%, e a prevalência entre os controles, 20%.

O risco mais alto de AVC relatado entre indivíduos com enxaqueca com aura pode ser explicado por um aumento na propensão a embolia cerebral paradoxal, sugerem os autores.

"Esperamos que nossos resultados possam ajudar a orientar os pacientes com enxaqueca e que possam ter uma elevação do risco para acidente vascular cerebral", comentou o Dr. Anzola. Ele sugere que os indivíduos que têm enxaqueca com aura podem baixar seu risco de acidente vascular cerebral se acompanhados por um neurologista.

Ademais, recomenda que aqueles que apresentam enxaqueca acompanhada por aura parem de fumar, bem como que mulheres com estas enxaquecas não usem contraceptivos orais. (Neurology 1999; 62:1692)

Fonte: Cardionews

29 agosto, 2006

A primeira vacina eficaz na proteção do câncer e das verrugas associadas ao HPV


No dia 28 de agosto a saúde pública no Brasil recebeu uma grande notícia: a aprovação, pela Anvisa, da vacina quadrivalente contra o HPV. A vacina recebeu indicação para mulheres dos nove até os 26 anos, o que garante a possibilidade de imunização, ainda antes do início da vida sexual, contra os sorotipos responsáveis pelo maior número de casos de câncer do colo do útero (16 e 18) e de verrugas genitais (6 e 11). Veja a seguir mais informações sobre a nova vacina e sobre os estudos que avaliaram sua eficácia e segurança.

Estudos começaram há 10 anos

Os estudospara a produção do protótipo da vacina contra o HPV 16 foram iniciados em 1996 pela Merck Sharp & Dohme. Em 2000 a empresa realizou o primeiro estudo de uma vacina única contra os HPVs 6, 11, 16 e 18. Os resultados dos estudos fase III foram apresentados em outubro de 2005.

Mais de 20 mil mulheres participaram da pesquisa

A eficácia da vacina foi avaliada em quatro estudos clínicos controlados com placebo, duplo-cegos, randômicos, fases II e III, que avaliaram 20.541 mulheres, em 33 países, com idade entre 16 e 26 anos. Todas as participantes foram acompanhadas durante até cinco anos após o início das pesquisas. O Brasil teve grande importância na realização dos estudos, com a inclusão de mais de 3.400 mulheres, em 15 centros, e o envolvimento de 20 investigadores.

Endpoint em NIC 2 e NIC3

Seguindo as recomendações das agências regulatórias norte-americana e européia, os estudos foram desenhados com o objetivo de avaliar os endpoints relacionados a NIC 2 e NIC 3, ou seja, lesões de alto grau pré-cancerosas que representam cerca de 2% a 3% de todas as infecções por HPV. Entre os objetivos da Merck Sharp & Dohme estava não apenas prevenir a infecção em mulheres sem contato com o vírus, mas também acompanhar aquelas que já haviam tido contato com algum sorotipo do HPV, avaliando a eficácia da vacina quadrivalente numa população que se aproximasse mais da realidade. Por isso, a inclusão de mulheres que já haviam tido contato com algum dos tipos de HPV cobertos pela vacina foi uma das características do desenho dos estudos.

100% de eficácia contra o câncer

Os estudos de fase II e III mostram que a vacina quadrivalente possui:100% de eficácia na prevenção de cânceres cervicais,pré-cânceres vulvares e vaginais relacionados com HPV 16 e 18em mulheres que não haviam sido expostas a esses tipos de HPV;95% de eficácia na prevenção de displasias cervicais de baixo grau (lesões de baixo grau) e pré-câncerescausados por HPV tipos 6, 11, 16 ou 18;99% de eficácia nos casosverrugas genitais causadas por HPV tipos 6 ou 11.

Proteção também para quem já teve HPV

Os estudos de desenvolvimento da vacina contemplaram a prática clínica da profilaxia feita com uma vacinação universal, independentemente do status de infecção pelo HPV ao ingressar no estudo.
Sendo uma vacina quadrivalente, demonstrou proteção para o desenvolvimento de doenças causadas por outros tipos de HPV presentes na vacina, mesmo quando a paciente já tinha infecção por um dos tipos de HPV que fazem parte da vacina.
Na análise modificada de intenção de tratamento que incluiu uma parcela de 27% de mulheres que eram positivas para um dos tipos de HPV da vacina na inclusão do estudo, dentre 8.625 mulheres que receberam a vacina (contra 8.673 que receberam placebo) 94% (IC 88%, 97%) das mulheres foram protegidas contra NIC e 95% (IC 90%, 98%) contra o desenvolvimento de verrugas genitais relacionadas aos HPV 6, 11, 16 ou 18.

A vacina tem bom perfil de tolerabilidade

A vacina foi em geral bem tolerada e poucas participantes (0,1%) saíram do estudo por causa de eventos adversos. Os efeitos colaterais mais comuns foram: dor no local da aplicação (83,9% versus 75,4% com placebo), inchaço no local da aplicação (25,4% versus 15,8%), eritema no local da aplicação (24,6% versus 18,4%), febre (10,3% versus 8,6%) e prurido no local da aplicação (3,1% versus 2,8%). A maior parte das reações no local da injeção foi informada como de intensidade leve a moderada.

Milhares de mortes poderão ser evitadas

O Instituto Nacional do Câncer (INCa) estima que o câncer de colo do útero seja a terceira neoplasia maligna mais comum entre as mulheres brasileiras, com cerca de 19 mil novos casos e quatro mil mortes por ano. O câncer de colo do útero é o que mais mata mulheres na região Norte, o segundo no Nordeste e o terceiro nas demais regiões. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) cerca de 470 mil mulheres desenvolvem a doença e 225 mil delas morrem da doença anualmente em todo o mundo.

Fonte: MSD

18 agosto, 2006

Mortes por leishmaniose dobram em São Paulo


São Paulo - O número de mortes causadas pela leishmaniose visceral dobrou nos últimos dias no Estado de São Paulo e colocou sanitaristas em alerta no interior, onde 35 municípios já foram atingidos pela doença. A situação é preocupante em Dracena, no oeste do Estado, onde três pessoas morreram nesta semana. Outras cinco estão com os sintomas da doença, duas delas internadas. Até terça-feira, o Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde do Estado tinha contabilizado 3 mortes e 116 casos positivos neste ano.

Ontem, o número saltou para 6 mortes e 143 casos de infecção.A assessoria de imprensa da secretaria insiste que 2006 tem sido o "melhor" dos últimos quatro anos no controle da doença. Mas, durante todo o ano de 2005, 146 pessoas foram infectadas e outras 16 morreram.Para o diretor da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), Carlos Magno Fortaleza, o que está acontecendo em Dracena é resultado da pouca experiência dos médicos em diagnosticar a doença precocemente. "É fundamental que a leishmaniose seja tratada desde os primeiros sintomas", diz. Segundo ele, a doença caminha para patamares endêmicos nas regiões em que apareceu primeiro.O Serviço de Vigilância Epidemiológica de Dracena está limpando folhas e outros materiais orgânicos dos quintais das residências num raio de 9 a 25 quadras de distância das casas das vítimas. A sujeira serve de hábitat do mosquito palha, vetor do protozoário Leishmania, transmissor da doença. O cão é seu hospedeiro.

Alerta Total - "Estamos muito preocupados e em alerta total", diz a diretora de Vigilância Epidemiológica de Dracena, Flávia Beretta. Segundo ela, dos 10 mil cães da cidade, 25% estão contaminados e precisam ser sacrificados, mas os técnicos encontram dificuldades porque a população não entrega os animais. Desde agosto de 2005, a cidade realizou exames em 7 mil cães e matou outros 1,7 mil. Não existe vacina que possa ser aplicada neles. Colaborou Emilio Sant'anna.

Fonte: Estadão, Chico Siqueira

15 agosto, 2006

Papilomavírus Humano (HPV)


O que é o Papilomavírus Humano (HPV)?

O HPV é um vírus comum que afeta tanto homens quanto mulheres. Existem mais de 100 tipos diferentes de HPV. Certos tipos de HPV causam verrugas comuns nas mãos e nos pés. A maioria dos tipos de HPV não causa nenhum tipo de sintoma e desaparece sem tratamento.
Cerca de 30 tipos de HPV são conhecidos como HPV genitais porque eles afetam a área genital. Alguns tipos provocam mudanças nas células do revestimento do colo do útero. Caso não sejam tratadas, estas células anormais podem se tornar células cancerosas. Outros tipos de HPV podem causar verrugas genitais e mudanças benignas (anormais, mas não cancerosas) no colo do útero. Muitos tipos de HPV provocam resultados anormais no exame de Papanicolau.

O HPV é um vírus comum?

O HPV é provavelmente mais comum do que você pensa. Em 2001, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou que cerca de 630 milhões de pessoas (9%–13%) estavam infectadas com o HPV.

Quem está suscetível a adquirir o HPV genital?

Qualquer pessoa que tenha qualquer tipo de atividade sexual envolvendo contato genital está sujeito a adquirir o HPV genital. É possível adquirir o vírus sem a ocorrência de intercurso sexual. Como muitas pessoas portadoras do HPV não apresentam nenhum sinal ou sintoma, elas podem transmitir o vírus mesmo sem saber.
O HPV é altamente contagioso; assim, é possível adquiri-lo com uma única exposição. Estima-se que muitas pessoas adquirem o HPV nos primeiros 2-3 anos de vida sexual ativa. Dois terços das pessoas que tiveram contato sexual com um parceiro infectado vão desenvolver uma infecção pelo HPV no período de 3 meses, de acordo com a OMS.

Todas as pessoas que tem o HPV vão desenvolver câncer do colo de útero ou verrugas genitais?

Não. Para a maioria das pessoas que tem o HPV, as defesas do corpo são suficientes para eliminar o vírus. Entretanto, para algumas pessoas, certos tipos de HPV podem desenvolver verrugas genitais ou alterações benignas (anormais, porém não-cancerosas) no colo do útero.
Entretanto, nas mulheres que não conseguem eliminar certos tipos de vírus, mudanças anormais podem ocorrer no revestimento do colo do útero. Estas células anormais, se não forem detectadas ou tratadas, podem levar ao pré – câncer ou ao câncer. Na maioria das vezes, o desenvolvimento do câncer do colo de útero leva vários anos, muito embora, em casos raros, ele possa acontecer em apenas um ano. Esta é a razão pela qual a detecção precoce é tão importante. Fale com seu médico sobre o exame de Papanicolau,ele pode ajudar a detectar mudanças celulares suspeitas no colo do útero.

Se o HPV não apresenta sinais ou sintomas, como vou saber que sou portadora?

Devido ao fato de que o HPV geralmente não apresenta nenhum sinal ou sintoma, você provavelmente não tem como saber que é portadora. A maioria das mulheres fica sabendo que tem o HPV por intermédio de um resultado anormal do exame de Papanicolau. O exame de Papanicolau é parte de um exame ginecológico e ajuda na detecção de células anormais no revestimento do colo do útero. Os médicos executam o Papanicolau para detectar e tratar estas células cervicais anormais, antes que elas tenham possam se tornar pré-câncer ou câncer. Muitas células anormais relacionadas com o HPV e com pré-cânceres podem ser tratadas com sucesso se forem detectadas precocemente. Realmente, o câncer do colo de útero é um dos tipos de câncer mais fáceis de serem prevenidos. Por isso é tão importante seguir as recomendações de seu médico a respeito do exame de Papanicolau.
Um outro teste, - o teste do DNA do HPV - está disponível para a detecção de certos tipos de HPV que podem causar o câncer do colo de útero. Os resultados deste teste podem ajudar os médicos a decidir se exames ou tratamentos complementares serão necessários.

Como posso reduzir o risco de adquirir o HPV genital?

Para reduzir o risco de novas infecções genitais pelo HPV, você deve evitar qualquer tipo de atividade sexual que envolva contato genital ou limitar o número de parceiros sexuais. Os preservativos podem ajudar a reduzir o risco de aquisição de uma infecção pelo HPV. No entanto, como os preservativos não cobrem todas as áreas da região genital, eles não são capazes de prevenir completamente a infecção.
O HPV é um vírus comum que pode causar o câncer do colo de útero, células cervicais anormais e outras conseqüências. Saiba mais sobre estas enfermidades em outras seções deste site e fale com seu médico para obter maiores informações.

Qual a incidência do vírus na população?

Calcula-se que no Brasil e no mundo cerca de 25% da população sem nenhuma doença evidente está infectada pelo HPV. Este número é comprovado para mulheres. Para os homens a estimativa é de que o percentual seja mais elevado, ocorrendo, no entanto, de forma mais assintomática que nas mulheres. Ou seja, os homens parecem ter mais HPV, agindo como transmissores, mas apresentam menos doenças que as mulheres.

Os homens também desenvolvem doenças associadas ao vírus?

Sim. Também nos homens as manifestações clínicas mais comuns são as verrugas genitais, causadas pelos subtipos 6 e 11 do vírus. Mas alguns tipos de HPV de alto risco, como o 16 e o 18, também causam câncer, como os de pênis e de ânus. Segundo a Dra. Luisa Lina Villa, diretora do Instituto Ludwig de Pesquisa Sobre o Câncer e uma das maiores estudiosas do HPV no Brasil, a estimativa é de que a incidência do câncer de ânus seja de cerca de cinco casos por 100 mil homens por ano, contra 20 a 30 casos por 100 mil no câncer do colo de útero.

Quais as formas de prevenir a transmissão do HPV genital?

Não existe forma de prevenção 100% segura, já que o HPV pode ser transmitido até mesmo por meio de uma toalha ou outro objeto. Calcula-se que o uso da camisinha consiga barrar entre 70% e 80% das transmissões, e sua efetividade não é maior porque o vírus pode estar alojado em outro local, não necessariamente no pênis. A novidade é a chegada, ainda em 2006, da primeira vacina capaz de prevenir a infecção pelos dois tipos mais comuns de HPV, o 6 e o 11, responsáveis por 90% das verrugas, e também dos dois tipos mais perigosos, o 16 e o 18, responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo do útero.

Fonte: MSD

13 agosto, 2006

Hipertensão leve não proíbe exercício, diz estudo


Nota publicada na Folha de S. Paulo desta quinta-feira (10/8/2006) afirma que pessoas de 55 a 75 anos com a pressão levemente alta podem malhar com menos receio. Segundo a matéria, a partir de um estudo com 104 homens e mulheres, pesquisadores da Universidade Johns Hopkins (EUA) concluíram que um programa moderado de exercícios físicos não prejudica, e até mesmo beneficia, o coração de quem faz parte desse grupo.

Exercitar-se aumenta a eficiência cardíaca e reduz a gordura corporal, fator de risco para a saúde, afirmam os pesquisadores. Eles usaram o termo "programa moderado" para se referir a cerca de uma hora de atividades físicas, três vezes por semana. Metade das pessoas avaliadas fez seis meses de bicicleta, step e exercícios com peso, e a outra metade continuou a rotina física normal.
Após o período, aqueles que praticaram atividades não demostraram problemas de sístole (parte do ciclo cardíaco na qual o sangue é ejetado para a aorta e para a artéria pulmonar) nem aumento no tamanho do coração -a hipertensão tem como efeito, a longo prazo, o aumento do coração, o que eventualmente endurece ou enfraquece o músculo.
A pressão arterial dos avaliados variava entre 13 e 15,9 por 8,5 a 9,9. Pelos parâmetros utilizados no Brasil, algumas dessas pessoas seriam consideradas pré-hipertensas e outras, com hipertensão leve, de "estágio um".

Fonte: APM, Folha de São Paulo

07 agosto, 2006

Cientistas e sociedades médicas questionam benefícios da soja


FLÁVIA MANTOVANITHIAGO MOMM PEREIRA da Folha de S.Paulo

Entre os alimentos funcionais (aqueles que, além de nutrir, ajudam a prevenir doenças), a soja talvez seja a maior vedete. Ingrediente da dieta oriental há milhares de anos, muitos são os ocidentais que vêm driblando o sabor pouco familiar para se beneficiar de todas as vantagens atribuídas à leguminosa: alto teor de proteína e de fibras, alívio para os sintomas da menopausa, redução do colesterol ruim, prevenção contra a osteoporose e contra alguns tipos de câncer.

Entre 1999 e 2005, a produção de grãos de soja no país aumentou de 31.377 milhões de toneladas para 53.053 milhões. Além do grão e dos tradicionais leite e queijo, hambúrgueres, sorvetes e chocolates são alguns produtos à base de soja disponíveis no mercado.Agora, na contramão da grande oferta e dos estudos que sinalizam benefícios, cientistas, agências governamentais e sociedades médicas de alguns países questionam as propriedades atribuídas a ela e alertam para possíveis efeitos adversos do consumo excessivo.Autoridades e sociedades médicas de países como Inglaterra, Canadá, França e Nova Zelândia recomendam cautela, por exemplo, ao alimentar bebês com fórmulas à base de soja. "Eles alegam que não há estudos de longo prazo que mostrem a segurança desses produtos para crianças pequenas. A soja tem isoflavona [substância semelhante ao hormônio feminino estrógeno], e não sabemos os efeitos dela em um sistema reprodutivo imaturo como o da criança", afirma Roseli Sarni, presidente do departamento de nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ela diz que a entidade levará isso em conta em um consenso sobre alergias que está elaborando.Estudos também vêm mostrando que a soja interfere na produção do hormônio tiroxina (da tireóide) e que pode, por isso, não ser indicada para quem tem predisposição genética ao hipotireoidismo.Crianças, idosos, gestantes e pessoas com dificuldade de absorver nutrientes também são recomendados a não exagerar --compostos antinutricionais da soja diminuem a absorção de certos minerais.A discussão vem ganhando espaço principalmente na Nova Zelândia e no Reino Unido.No Brasil, a Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) alerta em relação a possíveis riscos e questiona uma das principais propriedades atribuídas à soja: o alívio dos calores da menopausa. Após revisar vários estudos, a entidade concluiu, em um artigo, que sua eficácia como alternativa de reposição hormonal é praticamente nula.Segundo a endocrinologista Ruth Clapauch, do departamento de endocrinologia feminina e andrologia da Sbem, a maior parte dos estudos que mostram efeitos positivos é in vitro ou com animais e não pode ser transposta diretamente para o ser humano."Na prática, os efeitos estrogênicos da isoflavona são muito fracos e praticamente iguais aos do placebo. Ela não consegue se ligar aos receptores de estrogênio com a mesma facilidade que os hormônios do nosso corpo. Concluímos que não é eficaz para esse fim", diz.Segundo Clapauch, o fato de algumas mulheres relatarem alívio com a soja pode se dever à intermitência natural dos calores. "Mesmo não usando nada, os fogachos vão e voltam."Já a farmacêutica bioquímica Maria Inês Genovese, professora do departamento de alimentos e nutrição experimental da USP (Universidade de São Paulo), considera "inquestionável" a diminuição dos sintomas da menopausa pela soja.O que não está provado, diz ela, são a eficácia e a segurança dos suplementos que trazem a isoflavona isolada. "É importante que a isoflavona seja consumida no alimento, com os demais componentes. Mas o consumo da soja deve ser incentivado. Não há nada que conclua que ela oferece riscos."Ela lembra que pesquisas mostram que a incidência de sintomas da menopausa é menor entre as orientais, habituais consumidoras de soja.Para Ruth Clapauch, no entanto, isso pode ser explicado por diferenças culturais. "As manifestações da menopausa variam entre as culturas. No Japão, as mulheres reclamam de cansaço e de peso no ombro, mas o fogacho não é comum."

Fonte: Folha online