Conquistar o máximo de resultado com o mínimo de investimento é o sedutor apelo de uma série de exercícios que vem ganhando fama na internet recentemente.
Trata-se de um programa desenvolvido por dois especialistas em treinamento do Human Performance Institute, de Orlando (EUA), voltado para quem tem pouco tempo e não está disposto a investir em academia nem em equipamentos de exercício.
Depois de analisarem uma série de estudos sobre treinamento e boa forma, Brett Klika e Chris Jordan publicaram na edição de maio/junho da revista técnica "Health & Fitness Journal" um artigo apresentando um tipo de treinamento de "alta intensidade" com "uso do peso corporal".
Além de explicar a base científica do plano, o estudo propõe combinar exercícios aeróbicos (como corrida no lugar) com exercícios de resistência/força (como flexão de braço). Cada um é realizado por 30 segundos, em alta intensidade (tentando o máximo possível de repetições), e o intervalo de recuperação é de apenas 10 segundos.
Noves fora, o pacote todo dura apenas "aproximadamente sete minutos", conforme o texto descreve. O circuito pode ser repetido duas ou três vezes, dependendo do condicionamento do atleta e do tempo disponível.
Foi o que bastou para ser apelidado de "treino científico de 7 minutos" em texto no "New York Times" e, a partir dali, em uma fieira de lugares, do internético "Huffington Post" ao britânico "Daily Mail", e em publicações especializadas em boa forma.
Há vídeos gratuitos mostrando como executar a série e aplicativos com cronômetros digitais para monitorar a execução da tarefa.
Não se trata, porém, de uma série para prover força ou resistência específica para um esporte, destacam os autores: "Esse tipo de programa oferece uma boa opção para ajudar pessoas ocupadas a melhorar a saúde e enfrentar o estresse".
Monitorado pela treinadora Vivian Casagrande, 37, mestre em bioquímica do exercício pela Universidade de São Paulo, testei o pacote. Para garantir que eu fizesse os exercícios o mais rápido possível, Casagrande cronometrava as sequências e, nos intervalos, me avisava qual seria o exercício seguinte.
A primeira constatação: não é um circuito de apenas sete minutos. O tempo mínimo, no papel, é de sete minutos e 50 segundos, mas basta piscar ou pensar na morte da bezerra para que a transição dure mais que dez segundos.
Levei dez minutos e 20 segundos para completar a sequência, sem conseguir uma boa execução. Isso porque a série inclui alguns exercícios unilaterais; devem ser executados uma vez com cada perna, o que aumenta o tempo do circuito.
CONTRAINDICAÇÕES
Mesmo assim, entrar em forma com um programa de exercícios de menos de 15 minutos que não custa nada é altamente sedutor. Há, porém, diversas contraindicações, como assinalam os criadores do circuito: "É preciso cuidado ao propor treinamento de alta intensidade para pessoas mais velhas ou obesas, candidatos destreinados, com lesões anteriores ou problemas de saúde; os exercícios isométricos não são recomendados para quem tem hipertensão ou problemas cardíacos".
Para Casagrande, os exercícios, "são muito complexos para serem feitos sem orientação e supervisão". No teste, por exemplo, tive trabalho para fazer direito o exercício que combina flexão de braço e rotação do corpo.
O próprios autores alertam: "Ao tentar fazer tudo da forma mais rápida possível, o aluno corre o risco de fazer os exercícios de forma inadequada, aumentando a chance de lesão". De um jeito ou de outro terminei a série com os músculos pulsando, o corpo suado e a boa sensação de ter o dever cumprido.