24 fevereiro, 2006

Estudo: outros efeitos do Viagra


Poderá acelerar a cura da doença de Crohn ao estimular o fluxo sanguíneo

O Viagra, medicamento indicado contra a disfunção eréctil, poderá ser usado como remédio na doença de Crohn, indica um estudo hoje publicado na revista médica britânica «The Lancet».
O estudo, da autoria de cientistas do University College, de Londres, refere além disso que a causa daquela doença de tipo inflamatório, que provoca úlceras nos intestinos, é diferente da que se julgava.
Segundo os investigadores, os afectados pela doença têm um sistema imunológico debilitado, incapaz de responder com eficácia a um eventual ataque bacteriano.
Até agora, os cientistas pensavam que a doença de Crohn era auto-imune, ou seja, em que o próprio sistema imunológico do organismo ataca o organismo, e que por isso devia ser tratada com medicamentos inmuno-supressores.
Os investigadores fizeram biópsias em doentes de Crohn e em pessoas que não tinham a doença e observaram que, no caso dos afectados, havia menos neutrófilos, um tipo de glóbulos brancos que o organismo produz para combater danos no intestino e na pele.
A descoberta demonstra que o sistema imunológico dos doentes de Crohn não funciona correctamente, ao não repararem corretamente os danos causados nos tecidos.
Ora, como nos doentes de Crohn o fluxo de sangue para as células danificadas é muito reduzido, um medicamento como o Viagra poderia acelerar a cura ao estimular o fluxo sanguíneo.
Fonte: Portugal Diário

18 fevereiro, 2006

Quer evitar a hipertensão arterial? Coma mais proteínas vegetais!


Achados de estudos epidemiológicos têm sugerido uma relação inversa entre a ingestão de proteínas nos indivíduos e a sua pressão arterial.

Pesquisadores do INTERMAP Cooperative Research Group realizaram um estudo epidemiológico com 4.680 pessoas, com idades entre 40 e 59 anos, provenientes de 4 países. Foram medidas 8 vezes as pressões sistólica e diastólica, em 4 visitas; a ingestão de alimentos foi registrada nas 4 oportunidades, assim como a informação sobre o uso de suplementos alimentares. Os resultados do estudo foram publicados na revista Archives of Internal Medicine em janeiro de 2006.

Verificou-se que entre a população de meia-idade analisada, aqueles que se alimentaram de mais proteínas vegetais - grãos, legumes, feijões e frutas - apresentaram uma tendência a ter uma pressão arterial mais baixa. Até mesmo um aumento pequeno na proporção de calorias derivadas de proteína vegetal se traduzia em uma queda na pressão arterial.

Os cientistas concluíram que a ingestão de proteína vegetal foi relacionada inversamente à pressão arterial. Este achado é consistente com recomendações de que uma dieta com predominância de produtos vegetais seja parte de um estilo de vida saudável para prevenção da hipertensão arterial e doenças a ela relacionadas.

Fonte: Arch Intern Med. 2006;166:79-87. (Bibliomed)

16 fevereiro, 2006

Dieta pode afetar saúde mental, segundo pesquisa


Mudanças de dieta nos últimos 50 anos podem estar relacionadas ao aumento de doenças mentais, de acordo com um estudo divulgado na Grã-Bretanha nesta segunda-feira.

Segundo o grupo ativista Sustain e a Fundação de Saúde Mental, que realizaram a pesquisa, a forma com que os alimentos passaram a ser produzidos, alterou o equilíbrio dos nutrientes mais importantes necessários na dieta alimentar.

Os britânicos também estão comendo menos alimentos frescos e mais açúcar e gorduras saturadas.

Os dois grupos responsáveis pela pesquisa afirmam que a mudança na dieta tem ligação com depressão e com problemas de memória, mas nutricionistas acreditam que o estudo não é conclusivo.

Depressão

Andrew McCulloch, diretor-executivo da Fundação de Saúde Mental afirma que as pessoas estão conscientes dos efeitos da dieta na nossa saúde física, mas mal começaram a entender como o cérebro como um órgão é influenciado pelos nutrientes.

Ele afirma que o tratamento de doenças mentais a partir de mudanças na alimentação está mostrando melhores resultados em alguns casos do que drogas ou terapia.

Intitulado "Mudança de Dieta, Mudança nas Mentes" ("Changind Diets, Changing Minds"), o estudo parte do princípio de que o delicado equilíbrio de minerais, vitaminas e gorduras essenciais foi alterado nas últimas cinco décadas.

Pesquisadores afirmam que a proliferação de fazendas de produção em larga escala e a introdução de pesticidas mudou também a composição da gordura dos animais.

Como exemplo, o relatório afirma que as galinhas hoje alcançam o peso de abate na metade do tempo em que engordavam há 30 anos e a gordura aumentou de 2% para 22%.

A alteração da dieta também teria sido responsável pelo desequilíbrio de ômega 3 e ômega 6 - ácidos graxos essenciais - nas galinhas. Os ácidos graxos são considerados fundamentais para que o cérebro funcione bem.

Ceticismo

Em contraste, gorduras saturadas, cujo consumo vem sendo ampliado pela ingestão de comida pronta congelada, fazem os processos cerebrais mais lentos.

O estudo conclui que os britânicos estão comendo 34% menos legumes e dois terços da quantidade de peixe que eles consumiam há 50 anos.

Estas mudanças podem estar ligadas à depressão, esquizofrenia, transtorno do déficit de atenção e Hiperatividade e mal de Alzheimer.

Mas Rebecca Foster, nutricionista e cientista da Fundação Britânica de Nutrição, recebeu os resultados do estudo com ceticimso.

"As provas que associam saúde mental e nutrição estão ainda começando a aparecer. A associação é difícil de pesquisar e subjetiva em muitos casos".

Ela evita tirar conclusões em cima do estudo e afirma que ainda não é possível associar doenças mentais e alimentação.

Mesmo assim, ressalta que os nutrientes recomendados no estudo são os mesmos necessários para uma boa saúde e devem recomendados por todos os profissionais da área de saúde.

Fonte: BBC Brasil

12 fevereiro, 2006

Consumo de álcool pode causar AVCs em jovens


O consumo esporádico mas exagerado de álcool pode provocar acidentes vasculares cerebrais (AVC) hemorrágicos, sobretudo em adolescentes e jovens adultos, segundo um comunicado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).
A entidade alerta para o facto do " consumo excessivo, que caracteriza o consumo de fim-de-semana, ser altamente prejudicial". Este tipo de consumo "pode provocar AVC hemorrágicos, sobretudo em adolescentes e jovens adultos".
Quanto aos efeitos nocivos, o álcool, além de aumentar a probabilidade da ocorrência de um acidente cerebral hemorrágico, aumenta o risco de desenvolver câncer de mama e do cólon. O álcool propicia ainda malformações durante a vida intra-uterina.
Fonte: Lusa, Portugal

Chupeta pode reduzir morte súbita


Dar uma chupeta ao bebê para que adormeça facilmente também parece ser uma medida eficaz para reduzir o risco de morte súbita. Segundo explicam especialistas norte-americanos no British Medical Journal, os benefícios desta medida podem explicar-se pelo facto de a chupeta impedir os bebês de sufocarem na roupa de cama. Além disso, o acto de chupar melhora o desenvolvimento da área cerebral que controla o funcionamento das vias aéreas superiores.
Fonte: MNI-Médicos Na Internet

Insecticidas domésticos e leucemia em crianças


A aplicação de shampoo à base de piretrina para eliminar piolhos ou o uso de insecticidas em casa podem dobrar as probabilidades de uma criança desenvolver leucemia, de acordo com um estudo francês do Institut national de la santé et de la recherche médicale (INSERM). O trabalho, publicado na revista médica "Occupational and Environmental Medicine Journal" e liderado por Florence Menegaux, descobriu que o uso de insecticidas é perigoso durante a gravidez ou infância das crianças. "As descobertas desse estudo reforçam a hipótese já indicada pela literatura especializada de que a exposição a pesticidas de uso caseiro pode ter um papel na leucemia aguda infantil", afirmou Menegaux. As conclusões foram baseadas no estudo de 568 crianças, das quais 280 tinham leucemia aguda e outras 288, do mesmo sexo e mesma faixa etária, eram saudáveis. Os pais das crianças responderam a questionários sobre a sua ocupação e sobre o uso de pesticidas no jardim e dentro de casa. Os médicos relacionaram o uso prolongado de insecticidas de jardim a um aumento de 2,4 vezes nos riscos, enquanto os de uso caseiro provocaram um aumento de 2,5 vezes nos riscos.
Fonte:Médicos Na Internet

Aspirina também beneficia coração feminino

A Aspirina reduz os riscos de problemas cardio-vasculares no ser humano, mas de maneira diferente para os homens e para as mulheres, de acordo com uma pesquisa publicada no Journal of the American Medical Association (Jama). No homem, a ingestão de Aspirina diminui o perigo de enfarte do miocárdio em 32 por cento e na mulher reduz o risco de acidentes vasculares cerebrais (AVC) em 17 por cento, revela a análise de seis estudos conduzida pelo serviço de cardiologia da Duke University School of Medicine, da Carolina do Norte (sudeste dos Estados Unidos).Normalmente, as mulheres que tomam diariamente doses pequenas de Aspirina têm menos 12 por cento de hipóteses de sofrer um acidente cardiovascular, um enfarte ou um acidente vascular cerebral, face às mulheres que não tomam diariamente Aspirina. Jeffrey Berger, líder da investigação, também alertou para os riscos potenciais de hemorragias gastrointestinais apresentados pela Aspirina. Embora as virtudes preventivas da Aspirina estejam estabelecidas na comunidade médica, este medicamento "não deve nunca substituir um regime alimentar adequado e o exercício físico" para reduzir os riscos cardiovasculares, sublinhou o especialista. O cardiologista também recomendou, no entanto, que mais estudos fossem realizados para melhor compreender a diferença nos dois sexos das respostas cardiovasculares à Aspirina.
Fonte: Lusa

Vitamina D na luta contra o câncer


A deficiência da vitamina D, fundamental para processar o cálcio no organismo, pode favorecer a incidência de alguns tipos de cancros, como o da mama, ovários e cólon. Um estudo realizado pela San Diego State University, EUA, mostrou que a administração diária dessa vitamina pode reduzir para metade o risco de desenvolver a doença. O estudo também alerta para a necessidade de um consumo diário de 1.000 unidades internacionais (UI) da vitamina. Um copo de leite, por exemplo, tem 100 UI. Além dos suplementos vitamínicos, a vitamina D pode ser encontrada em alimentos como peixes oleosos, margarina e carne. A exposição solar também é um grande aliado. Ao absorver a luz solar, o corpo produz até 90% da vitamina D necessária. Um outro estudo, realizado pela Creighton Omaha University, também nos EUA, comparou, durante um ano, os efeitos dos suplementos de vitamina D em mulheres pós-menopáusicas, seguida por outro ano, sem suplementos. O resultado do estudo mostrou que quando a mulheres apresentavam níveis sanguíneos de vitamina D mais altos, chegavam a absorver até 65% a mais de cálcio. Ainda um outro trabalho, desta vez publicado na revista The Lancet, refere que o consumo da vitamina D durante a gravidez pode significar que o bebé desenvolva ossos mais fortes. A investigação envolveu 198 mães e revelou que os filhos das que tinham carências de vitamina D apresentavam ossos mais fracos aos nove anos de idade. Em contrapartida, as mulheres que tinham tomado suplementos vitamínicos tinham crianças com densidade mineral óssea maior.
Fonte: MNI-Médicos Na Internet

Vínculo entre saúde oral e problemas cardíacos


Investigadores dos Centers for Disease Control and Prevention (CDC) , EUA, descobriram uma relação entre a saúde oral e os problemas cardíacos, revela um estudo publicado no American Journal of Preventive Medicine. De acordo com Catherine Okoro, especialista da Divisão de Saúde Comunitária dos CDC, os estudos mostraram que os problemas cardíacos manifestaram-se em 4, 7 por cento das pessoas que tinham perdido um dente. Esses problemas aumentaram para 5,7 por cento entre as pessoas que perderam entre um a cinco dentes, para 7,5 por cento nos casos de queda de seis a 31 dentes e para 8,5 por cento dos que perderam totalmente os dentes. As percentagens foram obtidas a partir dos dados de 41.891 pessoas envolvidas numa pesquisa realizada entre 1999 e 2002, abrangendo adultos entre os 40 e os 79 anos de 22 estados norte-americanos. Os investigadores assinalam que os resultados da pesquisa coincidem com outros estudos que revelaram uma relação directa entre as doenças dentais e queda de dentes com um maior risco de ateroscleroses e ataques cardíacos.
Fonte: Lusa

Gripe Aviária


De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), nos últimos três anos, o número de pessoas confirmadas com o vírus H5N1, que provoca a forma letal da doença para seres humanos, aumentou de apenas três para mais de 140.
Quase metade dos casos se revelaram fatais.
Leia as perguntas e respostas abaixo para saber mais sobre a gripe aviária:

O que é gripe aviária?
Como humanos e outras espécies, aves também são suscetíveis à gripe.
Existem 15 tipos de gripe aviária ou do frango. As variedades mais contagiosas, que são geralmente fatais em aves, são a H5 e H7.
O tipo que está causando preocupação é a variedade H5N1, que pode também ser fatal para humanos.
Aves selvagens migratórias, principalmente patos selvagens, são os portadores naturais dos vírus, mas costumam não desenvolver a infecção.
O risco é que estas aves transmitam o vírus para aves domésticas, que são bem mais suscetíveis ao vírus.

Como os humanos são infectados com a gripe aviária?
Inicialmente, pensava-se que a gripe aviária infectava apenas aves, até que surgiram os primeiros casos em humanos, em Hong Kong, em 1997.
Humanos pegam a doença por meio de contato com aves vivas e infectadas.
As aves excretam o vírus por meio de suas fezes, que secam e se transformam em pó, sendo então inaladas, o que causa a contaminação.
Os sintomas são similares a outros tipos de gripe: febre, mal-estar, dor de garganta e tosse. Os infectados também podem desenvolver conjuntivite.
Os pesquisadores estão preocupados pois cientistas estudando um caso no Vietnã descobriram que o vírus H5N1 pode afetar todas as partes do corpo, não apenas o pulmão.
Isto pode significar que muitas doenças, e até mortes, que se pensavam que tinham sido causadas por outras micróbios, podem ter sido causadas pelo vírus da gripe aviária.

É possível barrar a entrada da gripe aviária em um país?
Aves migratórias são vetores da gripe aviária. Por isso, não há como evitar que a doença se espalhe.
Mas isto não quer dizer que é impossível evitar que a doença seja transmitida para mais aves domésticas. Especialistas afirmam que controles adequados em granjas para evitar que aves silvestres entrem nelas podem frear o alastramento da doença.
E os especialistas acrescentam que o monitoramento dos padrões de imigração de aves selvagens deve ajudar a fornecer alertas antecipados a respeito da chegada de aves infectadas.

Quantas pessoas já foram afetadas?
Em 9 de janeiro de 2006, a Organização Mundial de Saúde confirmou 146 casos de pessoas infectadas pelo vírus H5N1 na Indonésia, Vietnã, Tailândia, Camboja, China e Turquia, levando a 76 mortes, nos últimos três anos.

A Turquia relatou 14 casos da doença desde o começo do ano. Por que este número surgiu nesta região repentinamente?
A Organização Mundial de Saúde (OMS) ainda precisa confirmar todos estes casos, mas, mesmo se houver confirmação, pode haver também uma explicação simples.
Por exemplo, o aumento da cobertura da imprensa significa que as pessoas estão mais conscientes a respeito da doença e querem fazer exames.
Mas também há a possibilidade de que a infecção entre aves domésticas não foi identificada de forma adequada na Turquia.
Mas a explicação mais preocupante é que o vírus H5N1 sofreu uma mutação para uma forma que pode passar mais facilmente entre aves e humanos.
Se este for o caso, então também aumentaram as chances do vírus sofrer uma mutação para uma forma que pode passar mais facilmente entre humanos.
Especialistas acreditam que o vírus pode trocar genes com o vírus da gripe humana se uma pessoa for infectada com os dois ao mesmo tempo.
Quanto maior o número desta dupla infecção, maior a chance de um novo vírus ser criado e transmitido de pessoa para pessoa, segundo os especialistas.
O temor também aumentou quando pesquisas mostraram que o vírus que causou a epidemia de 1918, a de gripe espanhola, que matou 50 milhões no mundo todo, era um vírus de gripe aviária.

A doença ainda não pode ser transmitida de humano para humano?

Na maior parte dos casos, humanos contraíram a gripe aviária devido a contato com aves doentes.
Podem existir exemplos de transmissão de uma pessoa para outra, mas até o momento não é a forma de gripe que pode dar início a uma epidemia.
Um caso na Tailândia indicou a provável transmissão do vírus de uma garoto que tinha a doença para sua mãe, que também morreu.
A tia da menina, que também foi infectada, sobreviveu ao vírus.
Em 2004 duas irmãs no Vietnã depois de, possivelmente, terem contraído a gripe aviária de um irmão que havia morrido de uma doença respiratória não identificada.
Um caso parecido em Hong Kong, em 1997, um médico possivelmente contraiu a doença de um paciente que tinha o vírus H5N1, mas nunca houve uma prova conclusiva da infecção.

Existe tratamento?
Até agora o vírus tem sido combatido com o sacrifício em massa de aves que podem servir de hospedeiras para ele.
Para que fosse desenvolvida uma vacina, o surto teria de se materializar e poderia levar meses até que os cientistas conseguissem criar uma medicação profilática.
Há, no entanto, drogas antivirais, como o Tamiflu, que contêm os sintomas e, como conseqüência, diminuem as chances de a doença se espalhar. Muitos países já estão estocando estes medicamentos.
Esses remédios agem bloqueando a ação de uma proteína chamada neuraminidase, que o vírus usa para infectar células humanas.
Eles podem ser tomados quando uma pessoa começa a sentir os sintomas ou logo depois do contato com aves contaminadas.

Quais seriam as conseqüências de uma epidemia em massa?
Uma vez que o vírus consiga a habilidade de ser transmitido facilmente entre humanos, os resultados podem ser catastróficos.
No mundo todo, especialistas prevêem que o número de mortes pode ficar entre dois e 50 milhões.
Mas a taxa de mortalidade, que atualmente está em 50% dos casos confirmados da doença, pode cair conforme o vírus sofre mutações.
Fonte: BBC Brasil

Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa


Visão Geral

Estima-se que mais de 1 milhão de Americanos têm colite ulcerativa ou doença de Crohn, as duas formas mais comuns de doença inflamatória intestinal. Essas condições, que podem ser muito dolorosas e debilitantes, são causadas por um processo inflamatório crônica do trato digestivo.

Colite ulcerativa e Doença de Crohn são muitas similares - tão similares que são frequentemente confundidas. Ambas inflamam o forro do trato digestivo, e ambas podem causar severo ataque de diarréia e dor abdominal.

A Doença de Crohn pode ocorrer em qualquer parte do trato digestivo, frequentemente atacando todas as camadas dos tecidos afetados. A colite ulcerativa, por outro lado, comumente ataca somente a camada mais interna (mucosa) do intestino grosso (cólon) e do reto.

Ninguém conhece exatamente o que causa a Doença inflamatória intestinal (DII), entretanto o sistema imunológico, fatores genéticos e comportamentais podem estar envolvidos.

Até o momento não existe cura nem para colite ulcerativa nem para doença de Crohn. Mas as novidades são encorajadoras. Pesquisadores identificaram recentemente um gene que, quando defeituoso, pode desencadear doença de Crohn em algumas pessoas. Descobertas como essa podem levar a tratamentos mais efetivos no futuro.

Por enquanto, estão disponíveis várias terapias que podem reduzir dramaticamente todos os sintomas e produzir um longo tempo de alívio.



Sinais e sintomas

Colite ulcerativa e Doença de Crohn têm em comum muitos sintomas, que podem se desenvolver gradativamente ou repentinamente:
Diarréia crônica. A inflamação faz as células das áreas afetadas do intestino secretar uma grande quantidade de água e sal. Como a absorção normal do intestino está prejudicada, o cólon não pode absorver esse excesso de fluido e desenvolve diarréia. Além disso o intestino se contrai mais do que o normal, o que pode contribuir para soltar o intestino.
Dor abdominal e cólica. As paredes do intestino pode ficar inflamadas e inchadas e eventualmente podem engrossar por causa das cicatrizes. Isso pode bloquear o movimento das fezes através do trato digestivo e causar dor, espasmo e vômito.
Sangue nas fezes. O movimento do alimento através do trato digestivo pode fazer o tecido inflamado sangrar. Ou ele pode sangrar por si mesmo. Pode-se notar sangue vivo no vaso sanitário ou sangue escuro misturado com as fezes. E pode haver sangramento sem ser visto (sangue oculto).
Fadiga. Perda de sangue excessiva pode levar a uma anemia e causar extremo cansaço. A doença de Crohn, por causa da inflamação no intestino, pode dificultar a absorção dos nutrientes necessários à manutenção do nível de energia.
Redução do apetite. Algumas vezes a dor abdominal, as cólicas e a reação inflamatória nas paredes do intestino podem interferir com o desejo de se alimentar.
Perda de peso. É muito fácil perder peso se o intestino está inflamado e por isso não se encontra apto a digerir e absorver aquilo que se come.
Febre. Um sintoma comum nos casos severos de Doença Inflamatória do Intestino.

Colite ulcerativa e doença de Crohn também podem ser diferentes em muitos aspectos. Embora a doença de Crohn comumente afete a parte de baixo do intestino delgado (íleo) ou o cólon, ela pode atacar qualquer parte do trato digestivo, da boca até o ânus. Usualmente consiste de inflamação que pode incluir úlceras que se extendem por todas as camadas da parede do intestino. Podem aparecer em muitos locais simultaneamente, intercaladas por áreas de tecido sadio.
A colite ulcerativa, por outro lado, apresenta-se como inflamação restrita ao colon e reto. As áreas afetadas são contíguas e não apresentam tecido normal entre elas. Pode desenvolver pequenas úlceras que sangram, mas estão restritas à camada superficial interna do cólon e reto.
Os sintomas das duas doenças podem variar de leves a severos. Se for o caso de uma leve doença de Crohn não haverá mais que quatro episódios de diarréia por dia, pouca ou nenhuma dor abdominal e o peso poderá se manter normal. Se for severa poderá haver de seis a mais episódios de diarréia por dia junto com forte dor abdominal, perda de peso, febre e outras complicações.
Os sintomas de uma leve colite ulcerativa inclui não mais do que quatro episódios de diarréia por dia, ocasional aparecimento de sangue nas fezes e poucas, dependendo do caso, complicações. Em casos mais severos pode haver de seis a mais episódios de diarréia por dia, aparecimento frequente de sangue nas fezes, febre e outras complicações.
Em geral o curso da Doença Inflamatória Intestinal pode variar muito. Pode permanecer completamente sem sintomas após um ou dois episódios da doença ou pode haver recorrência dos episódios de dor abdominal, diarréia e, algumas vezes, febre ou sangramento.



Causas

Não existe nenhuma certeza do que causa a Doença Inflamatória Intestinal (DII), embora exista um consenso geral sobre o que não causa.
Os pesquisadores já não acreditam que o estresse seja o principal culpado, embora se saiba que ele possa agravar os sintomas.

O pensamento corrente está focado nas seguintes possibilidades:

Sistema imunológico. Alguns cientistas acreditam que a DII possa ser causada por uma bactéria ou vírus desconhecido. O trato digestivo começaria a ficar inflamado quando o sistema imunológico do corpo inicia a batalha contra os microorganismos invasores (¨fogo amigo¨). Também seria possível que a inflamação se originasse do próprio dano causado pelo vírus ou pela bactéria.

Hereditariedade. Quinze a vinte por cento das pessoas com colite ulcerativa ou doença de Crohn tem um dos pais, um dos irmãos ou um dos filhos com o mesmo problema. Os pesquisadores já encontraram um gene que pode ser responsável pela suscetibilidade à DII.

Meio Ambiente. Porque DII ocorre mais frequentemente entre pessoas que vivem em cidades e regiões industrializadas, é possível que fatores ambientais, incluindo dieta rica em gordura ou alimentos refinados possam ser responsabilizados.



Fatores de risco

Doença de Crohn e colite ulcerativa podem atacar em qualquer idade, mas você está mais propenso a desenvolver a Doença Inflamatória Intestinal (DII) se você for jovem. Trinta por cento das pessoas com esta doença estão entre a idade de 10 e 19 anos e a maioria está entre 15 e 35 anos. A média de idade para diagnóstico é de 27 anos.

Um igual número de homens e mulheres têm DII. Embora a raça branca tenha um risco maior de desenvolver a doença, ela pode atacar todos os grupos étnicos. Os judeus e descendentes de europeus possuem um risco cinco vezes maior do que os outros brancos de desenvolver a doença.

Uma pessoa estará sob alto risco de desenvolver a DII se tiver um parente próximo, como pais, irmãos ou filhos com a doença. Se ambos os pais tiverem DII existe 50 por cento de chance dos filhos desenvolverem a doença.

Morar em uma área urbana ou região industrializada aumenta o risco de desenvolver doença de Crohn ou colite ulcerativa.



Quando procurar ajuda médica

Procure seu médica se você experimentar uma mudança nos seus hábitos intestinais com duração maior que 10 dias ou se você tiver algum dos sintomas de DII, como dor abdominal, sangue nas fezes, episódios de diarréia que não melhoram com medicação usual ou uma inexplicável febre com duração maior que 2 dias.

Embora a doença de Crohn e colite ulcerativa não sejam consideradas doenças fatais, elas são doenças importantes e sérias e podem requerer cirurgia. Em alguns casos podem causar complicações com risco de vida.



Triagem e diagnóstico

O seu médico irá diagnosticar a Doença Inflamatória Intestinal (DII) somente afastando outras possíveis causas para os seus sintomas, incluindo sindrome do intestino irritável, diverticulite e câncer coloretal. Para ajudar a confirmar o diagnóstico de colite ulcerativa ou doença de Crohn, você deve fazer um ou mais dos seguintes testes ou procedimentos:

Exame de sangue. Seu médico pode solicitar exame de sangue para descartar anemia ou sinais de infecção. Dois novos testes que pesquisam a presença de certos anticorpos podem ajudar no diagnóstico de doença inflamatória intestinal, mas estes testes são precisos em apenas 80% dos casos.

Enema com bário. Este teste permite ao médico avaliar todo o intestino grosso com raios-X. Bário, uma tinta contraste, é colocado em forma de enema dentro do intestino. Algumas vezes também é colocado ar. O bário preenche e reveste todo o forro interno de intestino, criando uma clara silhueta do reto, cólon e porção do intestino delgado. A duração do teste é de aproximadamente 20 minutos e pode ser um pouco desconfortável.

Sigmoidoscopia. Neste procedimento o médico usa um tubo delgado, flexível, com uma fonte luminosa para examinar o sigmóide, a parte final do cólon. Geralmente o teste é feito em poucos minutos. Pode ser um pouco desconfortável e existe um pequeno risco de perfuração da parede do cólon. Como não se pode ver todo o cólon com este exame, pode-se omitir problemas no início do cólon e no intestino delgado.

Colonoscopia. Este é o teste mais sensível para diagnosticar doença de Crohn ou colite ulcerativa. Ele permite ao médico ter uma visão de todo o cólon usando um tubo fino, flexível, com uma fonte luminosa e uma câmera. Durante o procedimento, o médico pode tirar uma pequena amostra da parede do intestino (biópsia) para análise laboratorial. Algumas vezes esta amostra pode ajudar a confirmar o diagnóstico. Se houver agrupamentos de células inflamatórias chamados granulomas, por exemplo, é provável que você tenha doença de Crohn, já que granulomas não ocorrem em colite ulcerativa. A duração de uma colonoscopia é de 30 minutos aproximadamente. Você pode receber um suave sedativo para tornar o exame mais confortável. Os riscos deste procedimento incluem perfuração da parede do cólon e sangramento.
Ocasionalmente, doença de Crohn afeta somente o intestino delgado e não o colon. Se o médico suspeitar disso, ele pode solicitar um raio-X com bário do intestino delgado em vez da colonoscopia.



Complicações

Doença de Crohn e colite ulcerativa podem causar uma série de complicações, algumas das quais com consequências bem sérias.

Doença de Crohn

Durante o desenvolvimento da doença de Crohn podem ocorrer uma ou mais das seguintes complicações:

Úlceras. Inflamação crônica pode desenvolver úlceras em qualquer lugar do trato digestivo, incluindo a boca e o ânus. É possível encontrar úlceras espalhadas por todo o trato digestivo, mas a grande maioria delas estão na parte final do intestino delgado (íleo terminal), cólon e reto.
Fístulas. Algumas úlceras podem se estender através de toda a parede do intestino criando uma fístula, uma conexão anormal entre diferentes partes do intestino ou entre o intestino e a pele. Quando fístulas internas se desenvolvem os alimentos podem deixar de passar por áreas importantes do intestino, dificultando a absorção. Fístulas externas podem causar drenagem contínua do conteúdo intestinal através da pele. Em alguns casos as fístulas podem ficar infectadas (abcessos), um problema que pode causar risco de vida se não tratado.
Obstrução. Doença de Crohn afeta todas as camadas da parede do intestino. A qualquer momento, parte do intestino pode inchar e estreitar-se, podendo bloquear a passagem do conteúdo digestivo através do intestino delgado. Em alguns casos será necessário uma cirurgia para remover a porção doente do intestino.
Fissura anal. É uma ruptura ou uma fenda no ânus ou na pele ao redor no ânus onde podem ocorrer infecções. Em geral se acompanha com dor durante as evacuações.
Desnutrição. Diarréia, dor e espasmos abdominais podem dificultar a alimentação ou a absorção dos nutrientes o bastante para deixá-lo desnutrido.
Outros problemas de saúde. Doença de Crohn pode causar problemas em outras partes do corpo da mesma forma que no intestino. Entre eles estão artrite, inflamação dos olhos ou da pele, pedra nos rins e, ocasionalmente, inflamação nos ductos biliares.
Ninguém conhece exatamente o que causa estas complicações. Alguns pesquisadores acreditam que a mesma resposta do sistema imunológico que produz inflamação no intestino pode causar inflamação em outras partes do corpo.

Retocolite ulcerativa

A mais séria complicação aguda da colite ulcerativa é o megacolon tóxico. Isso ocorre quando o colon fica paralisado impedindo o movimento intestinal e a passagem de gás. Os sintomas são dor e distenção abdominal, febre e fraqueza. Você pode também ficar desorientado e tonto. Se o megacólon tóxico não for tratado pode haver uma ruptura no cólon causando peritonite, uma condição que oferece risco de vida e requer cirurgia de emergência. Pessoas com colite ulcerativa ficam mais propensas a desenvolver doença no fígado, ductos biliares e pele e inflamação nas articulações e nos olhos.

Doença Inflamatória Intestinal e câncer de cólon

Tanto a colite ulcerativa quanto a doença de Crohn aumentam o risco de câncer de cólon. Se você tiver colite ulcerativa o risco aumenta se a duração da doença for superior à 8 anos e estiver espalhada por todo o cólon. O risco será menor se a doença atacar apenas uma pequena porção do cólon.

O mesmo é verdadeiro para a doença de Crohn. Quanto maior for o tempo de duração da doença e maior a área afetada maior a probabilidade de desenvolver câncer de cólon. Mas como o Crohn usualmente não ataca todo o cólon, o câncer é menos comum em pessoas com essa patologia do que naquelas com olite ulcerativa.

Todavia, se você tiver qualquer tipo de doença inflamatória intestinal há mais de 8 anos não deixe de fazer um teste para câncer de cólon a cada 2 anos. O mais efetivo para essa finalidade é a colonoscopia.



Tratamento

A meta do tratamento médico é reduzir a inflamação que provoca os sintomas. Na maioria dos casos, ele deve levar não somente à melhora dos sintomas mas também a um longo período de remissão. Tratamento para Doença Inflamatória Intestinal (DII) involve geralmente terapia com drogas ou cirurgia.
Os médicos usam várias categorias de drogas que controlam inflamação de diferentes maneiras. Na maioria das vezes as drogas que funcionam bem para algumas pessoas podem não funcionar para outras, por isso pode levar um bom tempo até que se descubra o melhor medicamento para cada caso. Além disso, pelo motivo de que algumas drogas causam sérios efeitos colaterais, é necessário pesar os benefícios e os riscos de qualquer tratamento.

Drogas anti-inflamatórias

As drogas anti-inflamatórias geralmente são o primeiro passo no trtamento das doenças inflamatórias intestinais. Elas incluem:
Sulfasalazina. Esta droga vem sendo usada no tratamento da doença de Crohn e retocolite ulcerativa nos últimos 60 anos. Apesar dela ser efetiva em reduzir sintomas das duas doenças, ela tem uma série de efeitos colaterais, incluindo diminuição do apetite, náusea, vômito, erupção na pele e dor de cabeça.
Mesalazina e olsalazine . Esses medicamentos costumam ter menos efeitos colaterais que a sulfasalazina. O uso pode ser em forma de comprimidos ou aplicados no reto em forma de enemas ou supositórios. Os enemas devem ser administrados todas as noites por 4 a 8 semanas, ou até que a camada interna do intestino esteja curada. Enemas de mesalazina podem aliviar os sintomas em mais de 80 por cento das pessoas com retocolite ulcerativa localizada na região final do cólon e no reto.
Balsalazide (Colazal). Esta é uma nova droga, a primeira a ser aprovada para colite ulcerativa nos últimos 10 anos. É uma outra formulação de mesalazina. Colazal libera a medicação anti-inflamatória diretamente no cólon. A droga é similar à sulfasalazina, mas é menos tóxica e produz menores efeitos colaterais. Nas pesquisas clínicas, os efeitos colaterais mais comuns foram dor de cabeça e dor abdominal.
Corticosteróides. Esteróides podem ajudar a reduzir inflamação em qualquer parte do corpo, mas podem causar numerosos efeitos colaterais, incluindo face de "lua cheia", crescimento de pelos na face, suadores noturnos, insônia e hiperatividade. Efeitos colaterais mais sérios incluem hipertensão arterial, diabetes, osteoporose, catarata e um aumento da suscetibilidade às infecções. O uso destas drogas por longo tempo em crianças pode retardar o crescimento. Os médicos geralmente usam corticosteróides somente em caso de uma moderada ou severa DII que não responda a outro tratamento. Eles podem ser melhor tolerados em forma de enema.

Drogas imunosupressoras

Essas drogas também reduzem a inflamação, mas sua ação direciona-se ao próprio sistema imunológico, ao invés de tratar diretamente o processo inflamatório. Pelo fato dessas drogas serem tão efetivas em tratar DII, os cientistas teorizam que os danos encontrados nos tecidos do sistema digestivo seja causado por uma resposta do sistema imunologico ao invasor vírus ou bactéria ou até mesmo ao seu próprio tecido. Ao suprimir esta resposta imunológica a inflamação também é reduzida. As drogas imunossupressoras incluem:
Azathioprine (Imuran) e 6-mercaptopurine (6-MP). Esses imunossupressores são os mais amplamentes usados para o tratamento da doença inflamatória intestinal. Apesar de levarem até 3 meses para iniciarem a fazer efeito, elas ajudam grandemente a reduzir os sintomas das DII em geral e podem curar fístulas causadas pela doença de Crohn.
Infliximab (Remicade). Esta droga é específica para pessoas com doença de Crohn. Ela funciona neutralizando a proteína produzida pelo sistema imunológico conhecida como fator de necrose tumoral (TNF). Infliximab encontra e remove TNF na circulação sanguínea antes que ela cause inflamação no intestino. Infelizmente Remicade pode aumentar o risco de sérias infecções. O uso desta droga tem sido ligado à 84 casos de tuberculose, 14 dos quais com desenvolvimento fatal. Se você esta usando o Remicade atualmente, fale sobre isso com o seu médico.
Methotrexate. Esta droga, que é normalmente usada para tratar câncer, algumas vezes é usada por pessoas com DII que não respondem bem a outros medicamentos. O efeito colateral mais comum em uso por curto espaço de tempo é náusea. Uso por longo tempo pode resultar em lesão no fígado.
Cyclosporine. Esta potente droga normalmente é reservada para aquelas pessoas que não respondem bem às outras medicações. É usada para cicatrizar fístulas na doença de Crohn e para melhorar os sintomas da colite ulcerativa.

Antibióticos

Embora os antibióticos não tenham efeito na colite ulcerativa, eles podem curar fístulas e abscessos em algumas pessoas com doença de Crohn. Típicos antibióticos usados neste caso incluem:
Metronidazole. Um dos antibióticos mais comumente usados para doença de Crohn, metronidazol pode causar sérios efeitos colaterais, incluindo torpor e formigamento nas mãos e pés e, ocasionalmente, dor muscular ou fraqueza. Esses sintomas tendem a desaparecer lentamente, mas em alguns casos nunca cessam totalmente. Outros efeitos colaterais incluem náusea, dor de cabeça, infecção por fungos e diminuição de apetite.
Ciprofloxacin. Esta é uma droga que melhora sintomas em algumas pessoas com doença de Crohn. Ultimamente tem sido preferida ao Metronidazol. Ciprofloxacin pode causar hipersensibilidade à luz e pode retardar crescimento quando dado para crianças.

Adesivos de nicotina
Em testes clínicos, os adesivos de nicotina (os mesmos usados pelos que querem deixar de fumar) parecem produzir por algum tempo alívio nas reagudizações da colite ulcerativa. Os adesivos parecem eliminar os sintomas em 4 pessoas de cada 10 que os utilizam. Mas o efeito funciona por pouco tempo. Os sintomas geralmente retornam em torno de quatro semanas.
Como o adesivo de nicotina funciona ainda não é conhecido. Os pesquisadores acreditam que ele pode proteger o cólon engrossando e aumentando o muco que cobre a parede interna do intestino onde a inflamação geralmente ocorre.

Outros medicamentos

Além de controlar a inflamação, alguns medicamentos podem ajudar a melhorar outros sintomas. Dependendo da severidade da DII, o médico pode recomendar um ou mais dos seguintes:
Antidiarrêicos: Um suplemento de fibra tal como psyllium, por exemplo, podem ajudar os sintomas de leve a moderada diarréia tornando mais consistentes as fezes. Para diarréia mais severa, loperamida pode ser efetivo. Narcóticos devem ser usados com muito cuidado pelo fato de aumentarem o risco de megacólon tóxico.
Laxativos. Em alguns casos pode haver constipação devido ao inchaço do intestino que causa estreitamento. Fale com o seu médico antes de tomar qualquer laxativo. Muitas vezes, mesmo as marcas comuns de laxativos podem ser muito forte para seu organismo.
Analgésicos. Para dor leve o médico pode receitar acetominophen. Não use anti-inflamatório não esteróide tal como aspirina, ibuprofeno ou naproxeno. Eles podem piorar os seus sintomas. De fato, pesquisas têm demonstrado que pessoas com colite ulcerativa que tomam anti-inflamatórios não hormonais têm o dobro do risco de chegarem a tratamento de emergência para problemas digestivos.
Suplemento de Ferro. Se você tiver um sangramento intestinal crônico você pode desenvolver anemia por deficiência de ferro. Tomar suplementos de ferro pode ajudar a restaurar as suas reservas e reduzir este tipo de anemia.
Injeções de Vitamina B-12. Vitamina B-12 ajuda a prevenir anemia, promove o crescimento e o desenvolvimanto normal do corpo e é essencial para a digestão e a assimilação dos alimentos. Ela é absorvida na porção terminal do íleo, uma parte do intestino delgado geralmente afetada pela doença de Crohn. Se a inflamação do seu íleo terminal está interferindo na sua habilidade de absorver esta vitamina, você necessitará de injeções mensais de B-12 por toda a vida. Você também necessitará deste procedimento se o seu íleo terminal foi removido durante uma cirurgia.

Novos tratamentos

Muitos novos tratamentos que prometem aliviar os sintomas da DII com poucos efeitos colaterais estão em diversos estágios de pesquisa.

Um dos tratamentos mais intrigantes já estudados é o uso de hormônio de crescimento humano (HGH) em combinação com uma dieta rica em proteína para tratar doença de Crohn. Em uma pesquisa clínica, as pessoas tratadas com HGH sentiram a redução em seus sintomas após 1 mês de tratamento. Os benifícios continuaram até o fim da pesquisa. Esta melhora reduziu a necessidade de drogas esteróides e imunossupressoras. Os efeitos colaterais, que incluem edema e dor de cabeça, desapareceram após 4 semanas. Mais pesquisas serão necessárias para confirmar esses achados e para determinar os benefícios e riscos da terapia com HGH a longo prazo para pessoas com doença de Crohn.

Drogas que bloqueiam uma proteína produzida pelo sistema imune, conhecida como fator de necrose tumoral (TNF) estão também sendo testadas para o tratamento de doença de Crohn. Entre elas podemos citar:

CDP-571. Produtos baseados em anticorpo tais como CDP-571 contém normalmente uma proteína de rato que pode causar reações alérgicas e outras complicações em humanos. Este anticorpo contém menos proteína de rato que a droga infliximab (Remicade) e, portanto, tem o potencial de causar menos efeitos colaterais.
Etanercept (Enbrel). Esta proteína criada por engenharia genética possui receptores que isolam o TNF.
Thalidomide. Apesar desta droga ser mais conhecida por ter causado severos efeitos de nascimento no passado, ela parece ser efetiva no tratamento da doença de Crohn.
Além dessas drogas, os pesquisadores estão testando versões sintéticas das proteínas que ocorrem naturalmente no organismo, chamadas interleukin 10 e interleukin 12 para o tratamento da doença de Crohn. Também continuam os testes com a medicação anti-coagulante heparina. Ela pode ajudar a controlar a inflamaçao na colite ulcerativa.
Finalmente, uma das primeiras drogas baseadas em gens a emergir como o resultado da mais recente pesquisa genética deverá ser keratinocyte growth factor-2, uma medicação que tem como alvo estimular o crescimento de tecidos sadios em pessoas com colite ulcerativa e feridas crônicas como úlceras de escara que acomete pessoas acamadas.

Cirurgia

Se dieta e mudança do estilo de vida, terapia com drogas ou outro tratamento não aliviam os sintomas, o médico pode recomendar cirurgia para remover a porção lesada do trato digestivo ou para fechar fístulas ou remover tecidos cicatriciais.

No caso de doença de Crohn, cirurgia pode economizar anos de remissão. No mínimo, pode proporcionar uma melhora temporária nos sintomas. Durante a cirurgia o cirurgião remove a porção danificada do trato digestivo e reconecta as secções sadias. Ele pode também fechar fístulas ou remover tecidos aderentes.

Um recente estudo da Mayo Clinic demonstrou que cirurgia laparoscópica usando pequenas incisões pode melhorar os resultados e diminuir o tempo de hopitalização para grande parte de pessoas com doença de Crohn.

Mesmo assim, os benefícios da cirurgia para doença de Crohn são apenas temporários. A doença frequentemente recorre, em geral próximo do tecido reconectado, e algumas vezes em outras partes do trato digestivo.

Por outro lado, se você tem colite ulcerativa, a cirurgia pode eliminar a doença. Mas para que isso aconteça, deverá ser removido inteiramente o cólon e o reto (proctocolectomia). No passado, se você fizesse essa cirurgia você deveria usar uma pequena bolsa através de uma abertura no seu abdome para coletar as fezes. Mas graças a um procedimento que tem sido usado nos últimos 20 anos - anastomose íleo-anal - a necessidade de usar a bolsa foi eliminada. Ao invés da bolsa externa, o cirurgião constrói a bolsa a partir do fim do intestino delgado. Então, ela é ligada diretamente ao ânus. Este procedimento facilita a excreção das fezes normalmente, com o diferencial de que as fezes ficam mais aguadas e a frequência das evacuações aumenta para 5 ou 7 ao dia devido ao fato de que não existe mais o cólon para absorver a água.



Outros fatores que influem no tratamento

Algumas vezes você deve se sentir desamparado ao enfrentar doença de Crohn ou colite ulcerativa. Mas uma simples mudança em sua dieta e em seu estilo de vida pode ajudá-lo a controlar os seus sintomas e prolongar o tempo entre as recorrências da doença.

Dieta

Não ha firme evidência de que o que você come possa verdadeiramente causar Doença Inflamatória Intestinal (DII). Mas certos alimentos ou bebidas podem agravar os seus sintomas, especialmente durante a recorrência da doença. Algumas pessoas com colite ulcerativa ou doença de Crohn necessitam restringir sua dieta todo o tempo, outras somente por algum tempo. Para um número reduzido de pessoas a dieta aparenta fazer muito pouca diferença.

É uma boa idéia tentar eliminar de sua dieta qualquer coisa que possa piorar os seus sintomas. Aqui estão alguma sugestões que podem ajudar:

Limite leite e produtos derivados de leite. Da mesma forma que muitas pessoas com DII, você pode estar notando que alguns sintomas como diarréia, dor abdominal e gás melhoram quando você limita ou elimina leite e derivados. Você deve ter intolerância à lactose - ou seja, o seu organismo não pode digerir o açúcar do leite (lactose). Sendo assim, tente substituir o leite e derivados por iogurte ou queijos com pouca lactose como o Swiss e o Cheddar. Ou use um produto que contenha a enzima lactase, como Lactaid, que ajuda a quebrar (digerir) a lactose. Em alguns casos, entretanto, você deve eliminar completamente qualquer leite e qualquer produtos derivado. Se você necessita de auxílio, um nutricionista pode ajudá-lo a escolher uma dieta saudável que seja pobre em lactose.

Consuma alimentos com pouca gordura. Se você tem doença de Crohn do intestino delgado é possível que não esteja apto a digerir ou absorver gordura. Por outro lado a passagem de gordura pelo intestino pode piorar a diarréia. Alimentos que podem ser especialmente problemáticos incluem manteiga, margarina, creme de amendoim, nozes, maionese, abacate, nata, sorvete, frituras, chocolate e carne vermelha.

Experimente com fibra. Para muitas pessoas, alimentos ricos em fibra como frutas, vegetais e grãos integrais são a base para uma dieta saudável. Mas se você tem DII, as fibras podem fazer com que a diarréia, a dor e os gazes piorem. Se as frutas e os vegetais crus incomodam, você pode consumí-las cozidas ou assadas. Você também pode notar que tolera mais alguns tipos de frutas e vegetais do que outros. Em geral pode haver mais problemas com os vegetais da família dos crucíferos, como a couve, o repolho, o brócolos e a couve-flor, e com alimentos muito crocantes tais como maçã e cenoura crua.

Experimente com proteína. Existe alguma evidência de que comer uma dieta rica em proteína, tal como carne magra, frango, peixe e ovos, pode ajudar a melhorar os sintomas de DII.

Evite alimentos problemático. Elimine qualquer outro alimento que possa piorar os seus sintomas. Entre esses podem estar alimentos "gasosos" como feijão, couve e brócolos, frutas e suco de frutas cruas - especialmente frutas cítricas - alimentos condimentados, pipoca, álcool, cafeína, e alimentos e bebidas que contenham cafeína como chocolate e refrigerantes.

Faça pequenas refeições. Você pode se sentir melhor fazendo 5 ou 6 pequenas refeições do que 2 ou 3 refeições copiosas. Beba pelo menos de 8 a 10 copos de líquidos por dia. Água é melhor. Álcool e bebidas que contenham cafeína estimula o seu intestino e pode piorar a diarréia, enquanto bebidas carbonatadas frequentemente produzem gás.

Pergunte sobre multivitaminas. Como a DII pode interferir com a sua habilidade de absorver os nutrientes e porque a sua dieta pode estar muito limitada, você provavelmente necessita tomar um suplemento de multivitaminas e sais minerais.

Fale com um nutricionista. Se você começar a perder peso ou se a sua dieta está começando a ficar muito limitada, fale com um nutricionista.

Estresse

Embora estresse não possa causar DII, ele pode fazer com que seus sintomas fiquem muito piores e pode desencadear uma recaída. Eventos estressantes podem ser desde uma pequena encomodação até algo pior, perda de emprego ou morte de uma pessoa querida.

Quando você está sob estresse, seu processo digestivo normal muda. Seu estômago se esvazia mais lentamente e secreta mais ácido. Estresse pode também acelerar ou diminuir a passagem de fezes através de seu intestino. Isso pode, também, por si só, causar mudanças no tecido intestinal.
Embora nem sempre seja possível evitar o estresse, você pode aprender técnicas que ajudem a manejá-lo. Algumas dessas estratégias incluem:

Exercício. Mesmo exercícios leves podem ajudar a reduzir estresse, aliviar a depressão e normalizar a função do intestino. Fale com o seu médico sobre um plano de exercício que seja apropriado para você.

Biofeedback. Esta técnica de redução de estresse ajuda você a reduzir a tensão muscular e a desacelerar seu próprio coração com a ajuda de uma máquina. Você irá aprender a como produzir essas mudanças em você mesmo. A meta é ajudar você a entrar em um estado de relaxamento em que você possa conviver mais facilmente com o estresse. Biofeedback é geralmente ensinado em hospitais e centros médicos.

Ioga, massagem ou meditação. São técnicas para aliviar o estresse. Você pode ter aula com um professor de ioga e meditação ou praticar em casa usando livros ou vídeo-cassete.

Exercícios de relaxamento progressivo. Esse ajuda a relaxar todos os músculos do corpo, um de cada vez. Comece por contrair os músculos dos pés, então vá largando a tensão aos poucos. A seguir faça o mesmo com outras partes do corpo. Continue até que todos os músculos do seu corpo, inclusive aqueles ao redor dos olhos e couro cabeludo, estejam totalmente relaxados.

Respirando profundamente. A maioria das pessoas respiram expandindo o tórax. Você começa a ficar mais calmo quando respira através do diafragma - o músculo que separa o tórax do seu abdome. Quando você inspira, faça sua barriga se expandir com o ar; quando expira faça ela se contrair naturalmente. Respirar profundamente pode também ajudar a relaxar a musculatura de seu abdome, o que pode levar seu intestino a funcionar melhor.
Hipnose. Estudos tem mostrado que hipnose pode reduzir dor e inchaço abdominal. Um profissional treinado pode ensinar você a entrar em um estado de relaxamento e então levá-lo a imaginar os músculos do intestino calmos e serenos.

Outras técnicas. Reserve pelo menos 20 minutos por dia para qualquer atividade que você ache relaxante, ouvir música, ler, jogar no computador ou até mesmo tomar um banho morno.



Doença inflamatória intestinal. Aprendendo a lutar

Doença de Crohn e colite ulcerativa não afeta apenas o seu físico - elas mexem também com o seu emocional. Se os seus sintomas forem severos, sua vida pode se resumir a estar sempre às voltas com o banheiro. Em alguns casos, estará totalmente impedido de sair de casa. Se conseguir, e algum acidente ocorrer, sua ansiedade somente fará seus sintomas ficarem piores.

Mesmo que os seus sintomas sejam fracos, gases e dor abdominal podem tornar difícil sua presença em público. Você também poderá se sentir embaraçado por suas restrições dietéticas ou constrangido pela natureza de sua doença. Todos esses fatores - isolamento, constrangimento e ansiedade - podem alterar severamente a sua vida. Algumas vezes eles podem levá-lo a depressão.

Uma das melhores maneiras de ter controle sobre essa situação é conseguir o máximo possível de informação sobre a Doença Inflamatória Intestinal (DII). Além do que você conversa com o seu médico, procure por informações em livros e na internet. Será especialmente importante conversar com pessoas que estejam na mesma situação que você. Organizações tais como Crohn's and Colitis Foundation of America (CCFA) estão distribuidas por todas as partes do mundo. Seu médico, enfermeira ou nutricionista poderá localizar um destes locais que esteja próximo de você, ou você mesmo poderá entrar diretamente em contato. Jornais locais geralmente publicam a data e o local de reuniões de grupos de apoio. Se possível, leve sua família com você para esses encontros. Quanto mais eles souberem sobre a sua doença, melhor será a habilidade deles para entender o que você está sentindo.

Embora os grupos de apoio não sejam para todos, eles podem providenciar valiosa informação sobre os seu problema, bem como lhe dar suporte emocional. Frequentemente os membros destes grupos possuem informação sobre as últimas novidades dos tratamentos médicos e das terapias complementares. Participar desses grupos é também uma maneira de ficar mais tranquilo entre pessoas que entendem o que você está passando.

Algumas pessoas encontram essa ajuda consultando um psicólogo ou psiquiatra que esteja familiarizado com doenças intestinais e as dificuldades emocionais que elas causam. Embora não seja fácil viver com colite ulcerativa ou doença de Crohn, as perspectivas são definitivamente alentadoras comparadas com aquelas de alguns anos atrás.



Abordagem complementar e alternativa

Cada vez mais as pessoas estão se interessando por abordagens de saúde não tradicionais, especialmente quando os tratamentos estandardizados produzem efeitos colaterais intoleráveis ou simplesmente não alcançam a cura desejada. Para canalizar esse crescente interesse, o Instituto Nacional de Saúde (dos Estados Unidos) criou o Centro Nacional para Medicina Complementar e Alternativa (NCCAM) em 1992. A missão do Centro é explorar as terapias não tradicionais dentro de critérios rigorosamente científicos. Em geral, a medicina alternativa se refere a terapias que podem ser usadas em lugar de tratamentos convencionais. Medicina complementar ou integrativa, por outro lado, geralmente integra terapias usadas em conjunto com os tratamentos tradicionais. Terapias complementares podem incluir acupuntura ou acupressura, massagem, música ou arteterapia, imaginação dirigida, ioga, tai chi e hipnose.

Essas definições, entretanto, não são muito precisas. Algumas vezes acupuntura pode ser usada sozinha para tratar um problema do cólon, por exemplo.

Muitas terapias alternativas e complementares nem sempre são direcionadas somente para um problema do corpo, elas se direcionam para a pessoa como um todo - corpo, mente e espírito. Como resultado, elas podem ser bastante efetivas em reduzir estresse, aliviando os efeitos colaterais dos tratamentos convencionais e melhorando a qualidade de vida.

Um estudo publicado na edição de Maio de 1998 do American Journal of Gastroenterology relatou que 51 porcento de pessoas com doença de Crohn ou colite ulcerativa já usaram algum tipo de terapia alternativa ou complementar. A maioria dessas pessoas citou os efeitos colaterais e a ineficácia das terapias convencionais como as principais razões para procurar cuidados alternativos. Melhora da qualidade de vida e o fato de ser tratado como uma pessoa integral, estiveram entre as motivações mais citadas.

Informações sobre a NCCAM podem ser encontradas no seu site da web.



Recursos adicionais

BRASIL:
São Paulo: (ABCD) Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn
Porto Alegre: ABCD - Filial Porto Alegre (Dra. Marta Brenner Machado)
Av. Plínio Brasil Milano, 289/201 CEP: 90520 - 002
Fone: (51) 3333-2212

EXTERIOR:
Crohn's and Colitis Foundation of America
National Center for Complementary and Alternative Medicine
American Autoimmune Related Diseases Association
American Chronic Pain Association


Tradução e adaptação de textos da Mayo Clinic e da Crohn's and Colitis Foundation of America por:


Dr. Jairo Bueno
Consultório: R. Ramiro Barcelos, 1819/101 Fone:(51) 33303658
Porto Alegre RS
Fale conosco: jairoabueno@gmail.com

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10 fevereiro, 2006

Doença de Chagas


A tripanossomíase americana, ou doença de Chagas – como foi chamada pelo médico brasileiro que a descreveu primeiro no começo do século vinte –, é comum em todos os 17 países das Américas Central e do Sul. Do México ao Chile, ela ameaça um quarto da população da América Latina; estima-se que 18 milhões de pessoas estejam infectadas. A doença de Chagas é a terceira enfermidade tropical mais prevalente, depois da malária e da esquistossomose.

A doença de Chagas é causada por um parasita, o Trypanosoma cruzi, transmitido aos humanos e a outros mamíferos pela picada de um inseto do qual há cerca de uma centena de espécies. A doença também pode ser transmitida por transfusão de sangue e da mãe para o filho, na gravidez.

A picada do inseto é raramente visível e normalmente não há sintomas perceptíveis durante a fase aguda. O parasita é capaz de se multiplicar no corpo por anos ou até mesmo décadas, sem que a vítima tenha consciência da infecção. Quando a fase crônica começa, normalmente já é muito tarde para o tratamento: sintomas como disfunções cardíacas ou disfunções sérias no esôfago ou no cólon podem ser irreversíveis. É portanto vital desenvolver novos métodos para detectar a doença no estágio inicial.

Os medicamentos existentes para tratar a doença de Chagas – nifurtimox e benznidazol – só são eficazes se forem usados antes das lesões dos pacientes se tornarem crônicas. Em países pobres, onde programas de detecção em massa não são viáveis e o tratamento é caro demais para ser fornecido a todos os que precisam, as crianças com menos de doze anos são normalmente as únicas tratadas. Elas têm chances bem maiores de se beneficiarem com o tratamento, já que é improvável que crianças tenham desenvolvido lesões crônicas.

Há pouquíssima pesquisa sendo desenvolvida atualmente para encontrar medicamentos menos tóxicos e mais eficazes, que possibilitariam o tratamento de pacientes com doenças de Chagas de todas as idades.

As pessoas mais afetadas pela doença de Chagas são as muito pobres, que vivem em casas de pau-a-pique, um habitat perfeito para os insetos. Apesar de serem muito caras para os países pobres, devido ao alto custo de inseticidas, as estratégias de controle do vetor são atualmente a única resposta à doença. Mas só prevenção não é o suficiente: a doença de Chagas impede o desenvolvimento econômico de países da América Latina, causando sérias deficiências e mortalidade principalmente em adultos jovens, o grupo populacional mais produtivo, que não podem ser tratados com os medicamentos existentes. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, as perdas econômicas causadas pela doença de Chagas em 1995 foram equivalentes a 2,5% da dívida externa inteira do continente.

Em Honduras, 1,8 milhão de pessoas mora na zona endêmica e supõe-se que 300 mil estejam infectadas com a doença de Chagas. Nas regiões montanhosas isoladas de Francisco Morazan e Yoro, as equipes de Médicos Sem Fronteiras diagnosticaram e tratam crianças infectadas com menos de doze anos e fazem uma campanha de erradicação do inseto.

Fonte: Médicos sem fronteiras

05 fevereiro, 2006

O que é pré-diabetes?


Um estudo realizado na Suécia revelou que muitas pessoas só descobrem que têm diabetes após sofrerem um enfarte do miocárdio. Os pesquisadores mediram o nível de glicose no sangue de homens acometidos de enfarte do miocárdio através de testes de tolerância à glicose. O resutado da pesquisa sugere que 40 por cento eram diabéticos sem saber. Os autores da pesquisa recomendam que todas as pessoas com enfarte do miocárdio sejam testadas para diabetes. (1).

Você saberá se está sob alto risco para diabetes se, ao engordar, acumula gordura principalmente na barriga. Pince sua barriga, fazendo uma prega; se essa prega medir mais de uma polegada (2,54 cm), você está sob alto risco e deve fazer um teste de sangue chamado Hemoglobina Glicada ou Glicosilada (HBA1C). O resultado do teste apresentará uma média de como se comportou o nível de sua glicose nos últimos 2 meses.

Outro teste, também um indicativo de risco para diabetes, são os altos níveis de triglicerídeos combinados com baixos níveis de HDL (bom colesterol). Quando você come açúcar ou alimentos produzidos com farinha refinada, sua glicose no sangue se eleva muito, seu pâncreas produz mais insulina para converter o excesso de glicose em triglicerídeos que ficam circulando na sua corrente sanguínea. O bom colesterol (HDL) tenta remover os triglicerídeos, levando-os para o fígado. Resumindo: altos níveis de triglicerídeos associados à baixos níveis de HDL (bom colesterol) é um alerta confiável para os perigos de desenvolvimento de diabetes.

Níveis altos de insulina também podem contrair as artérias e aumentar a pressão sanguínea. Pessoas com pressão alta podem estar pré-diabéticas e são sérias candidatas a sofrerem um enfarte diretamente. Os níveis altos de insulina igualmente aumentam a coagulação do sangue, elevando o risco de enfarte.

Em geral, pessoas com pré-diabetes (resistência insulínica) apresentam um aumento do colesterol LDL e, quase sempre, quando ele é muito alto, relaciona-se ao enfarte do miocárdio.

Você pode ajudar a prevenir diabetes e enfarte do miocárdio evitando a ingestão de açúcar e alimentos produzidos com farinha refinada, praticando exercícios e enriquecendo suas refeições com vegetais.

1) Lancet; 359: 2140-44.

Fonte: Gabe Mirkin, M.D.

Tradução e adaptação: Jairo Bueno

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